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Analía Coria

Está sendo aplicada mesmo a lei 26.468 de ensino de idioma português em todas as escolas argentinas?


A lei argentina 26.468 (2008) estabelece a obrigatoriedade da inclusão de uma oferta de ensino de português língua estrangeira em todas as escolas de ensino médio do país. Nesta coluna, Analía Coria, estudante da ENS LV “Sofía B. Spangenberg”, convida ao debate sobre o adiamento de sua implementação.

 

Está sendo aplicada mesmo a lei 26.468 de ensino de idioma português em todas as escolas argentinas?

Analía Coria


Eu iniciei os estudos em um professorado de português, com muito entusiamo e sabendo, com certeza, que íamos conseguir trabalho após concluído o período de estudos. Porém, já com anos percorridos e com a maioria das disciplinas aprovadas, estou com mais dúvidas do que certezas de que a lei seja implementada nas escolas e assim os docentes possam trabalhar com plenitude. Será que foi esquecida a lei 26.468 de ensino de idioma português para todas as escolas argentinas?


No estabelecimento educativo onde ainda sou aluna, eu já tinha perguntado a alguns professores se possuem novidades a respeito de colégios que precisem professores de português, más não consegui respostas favoráveis. Ninguém sabe nada do assunto. Procurei em internet, fui a muitos colégios de província procurando estabelecimentos e ainda ninguém sabe com certeza quando incorporarão essa disciplina. Algumas o ensinam mas, muitas delas não precisam incorporar mais professores.


No artigo N°3 da lei 23.468 estabelece que: “A proposta curricular para o ensino de idioma português será de caráter optativo para os estudantes”. Estou convencida que os alunos em sua maioria escolherão o inglês. Conclusão baseada em minha experiência em sala de aula com alunos adolescentes e que surgem das conversações que mantenho com eles.

Compreendo então que professores de português não serão precisados, por conseguinte não serão chamados.


Também se estabelece que será progressiva a inclusão do ensino do idioma. Percebo a esta altura dos fatos que, não temos nenhuma parte da lei que está sendo aplicada.

Estou vendo também que no estabelecimento educativo, onde ainda sou aluna, ano a ano desce a matrícula de alunos que iniciam seus estudos de português. Aliás, alguns outros já desistiram de estudar por possuir outras obrigações ou simplesmente, desiludidos começam outra carreira.


Este ano, no período de inscrições, só quatro alunos foram cadastrados. É uma situação triste para a instituição educativa se a taxa de alunos registrados continua descendo.

Em conversa com muitas de minhas colegas, elas também concordam com o que acabo de expor.


Eu sei perfeitamente que os porquês de tais decisões de desistimento são pessoais, e que existem outras razões na qual uma pessoa deixa seus estudos. Infelizmente a situação do país não ajuda, estamos envolvidos numa problemática social difícil e que sem dúvidas acabam atingindo todos os degraus de nossa engrenagem social e a educação é sempre a primeira em ser prejudicada.


Também não vejo maior preocupação de parte de ninguém para que a lei 24.468 seja colocada em ação.


Além disso, percebo com mais preocupação, que são cada vez menos os alunos de português que desistem sem acabar os estudos e que ninguém ofereça uma ajuda sequer para reter esses quase professores, pelo contrário vejo às vezes muitas pedras no caminho.

São muitas as perguntas, e as respostas oferecidas são incapazes de dar soluções certas a estudantes que chegam com muitas dúvidas para seu futuro profissional.


Para acrescentar mais uma Informação, quando estava criando esta coluna de opinião fiquei surpresa quando li uma notícia da província de Misiones, onde alguns professores de português reclamavam, na praça principal, a implementação da lei 23.468 e a consequente criação de trabalho.


Sem dúvidas, a colocação em vigência da lei citada possibilitaria a ocupação de professores, que na atualidade não conseguem trabalho fixo.

Estou me perguntando, aliás de minha ladainha, por que é que, nesse país não conseguimos solucionar jamais os problemas relacionados a questões educativas? Será que devemos pensar então, que nem precisem consideração a nível governamental? Devo pensar em me acostumar de maneira tal como também fui acostumada à falta de limpeza nos salões de aula, ou nos banheiros, por exemplo, ou pela falta de cadeiras, mesas e todas a ferramentas necessárias para dar aula de maneira certa?


Ou, pior ainda, habituar-me à “eterna” falta de orçamento na educação? Além disso, por que é que os alunos tendo a possibilidade de conhecer uma outra cultura, muito próxima, decidem continuar escolhendo o idioma inglês para se formar? Por que é que se continua motivando o ensino do idioma inglês em detrimento de um outro idioma igualmente enriquecedor? E por último, por que é que na atualidade não existe incentivos para atrair, por um lado e reter por outro os estudantes ou possíveis estudantes de português?


Considero que todo o que aqui exprimo é apenas a ponta de um iceberg que deveria ser analisado, porque acho que todos têm a ver com minha primeira interrogação.


Considero, então, que não é só suficiente a simples elaboração de uma lei, também é preciso colocá-la em prática nos prazos estabelecidos. Ou será então, que vai ficar só no meu desejo e a lei, mais próxima ao esquecimento?

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