O que levar em conta na hora de planejar uma aula de PLE neste contexto de pandemia e DISPO?
Verónica Álvarez, professora das práticas profissionalizantes, e Laura Vizcaya, aluna e estagiária do Curso Superior de Formação de Professores da ENS en Lenguas Vivas "Sofía Spangenberg", apresentam a experiência e reflexões que nortearam a prática e a abordagem de ensino neste singular contexto atual.
Os estágios da educação híbrida no ensino de PLE:
Experiência de uma estagiária em uma escola particular da Cidade de Buenos Aires.
Por Verónica Álvarez e Laura Vizcaya
A pandemia trouxe novas maneiras de pensar situações de ensino aprendizagem aumentando a desigualdade entre o sistema público e o particular. Escolas, como a que conhecemos nesta experiência, com maiores recursos tecnológicos conseguiram reduzir o abismo entre educação virtual e presencial.
O que é ensino híbrido? E o ensino remoto? Assíncrono ou síncrono? O que levar em conta na hora de planejar uma aula de PLE? Essas foram algumas das perguntas que nos fizemos os professores e estagiários no começo do ano de 2020, quando as nossas aulas começavam a ter outra abordagem de ensino por causa da pandemia. Uma abordagem onde se levam em conta as tecnologias como mediadoras fundamentais da aprendizagem e como recursos primordiais dos planejamentos das aulas. Os motivadores começaram a se apresentar por meio de recursos tecnológicos com o intuito de que os alunos continuassem sendo protagonistas da sua aprendizagem, porém de maneira híbrida.
Definimos como educação híbrida o modelo de aula formado por atividades presenciais e atividades virtuais (com tecnologia digital), no qual os recursos digitais são as ferramentas usadas para levantar dados em relação aos conhecimentos adquiridos conforme o objetivo de ensino.
A seguinte experiência é feita por uma aluna estagiária, do Curso de Formação de Professores de Português como Língua Estrangeira da Escola Normal Superior em Línguas Vivas “Sofía Spangenberg” da Cidade de Buenos Aires. Ela fez seu estágio presencial de maneira híbrida, de 10 (dez) aulas de 80 (oitenta) minutos cada uma, com uma turma de primeiro ano de ensino médio, de uma escola particular, da Cidade de Buenos Aires, onde trabalhou a temática solicitada pela professora da turma de: cumprimentos, apresentação pessoal e rotina. Os conteúdos lecionados foram selecionados e retirados do “Diseño Curricular” de línguas estrangeiras da Cidade de Buenos Aires.
Neste caso especificamente, as aulas foram desenvolvidas de maneira híbrida: remota e síncrona e presencial, trabalhando com a metade da turma em casa e a outra metade na sala de aula, a turma tem um total de 43 alunos. Os dois grupos abordam o mesmo conteúdo, ao mesmo tempo, graças às câmeras que capturavam tanto a dinâmica áulica quanto às intervenções feitas no quadro. A sala de aula tem duas câmeras, uma que dá direto no quadro, outra na sala de aula, fazendo foco nos alunos. A tela do computador que se encontra acima do quadro tem várias transmissões: uma que mostra o quadro, outra o material digital utilizado pela professora estagiária e outro espaço que mostra os alunos nas suas casas. Portanto, a “turma virtual síncrona”, não só conseguia acompanhar ao vivo o que acontecia na sala, senão que também podia participar oralmente, comentar suas dúvidas em relação a atividade desenvolvida e mostrando na tela do computador da sala a atividade desenvolvida.
A observação prévia foi uma ferramenta fundamental para o sucesso das aulas ministradas pela estagiária, focando nas questões que estavam dando certo e nas que não. A autorreflexão de cada aula ministrada permitiu discriminar aquelas atividades que motivavam a turma e ajudavam na construção da língua nos dois espaços: tanto presencial, quanto síncrono.
A escolha dos recursos didáticos, na sua maioria virtuais e adaptados aos alunos que estavam na presencialidade na sala de aula, foi feita pensando em alunos participativos, ativos e construtores do seu conhecimento e aprendizagem. Trabalharam-se: atividades colaborativas, jogos de sistematização de conteúdos, etc. usando plataformas digitais como: classroom, Educaplay, Wordwall, Genially, live worksheets, documentos colaborativos de Google, PPT para apresentações e Mentimeter.
Os recursos foram utilizados na plataforma classroom onde a professora estagiária colocava as atividades que iriam desenvolver para que os alunos que estavam em casa pudessem usar os mesmos materiais do que os alunos que estavam na sala de aula e dessa maneira participar da aula. Na sala de aula, a professora usou o quadro como elemento fundamental para registrar vocabulário novo, dúvidas, expressões e colocar a ordem das atividades.
Portanto o desafio era que as dinâmicas fossem engajadoras e permitissem a participação simultânea das duas turmas. As instâncias do planejamento foram, segundo Almeida Filho (2002.): clima e confiança (os primeiros minutos são levados em conta para a revisão do trabalhado na aula anterior, construção do clima da aula), apresentação do insumo (o que irão trabalhar), ensaio e uso (desenvolver a aula levando em consideração que o aluno seja usuário ativo da língua), e pano (o fechamento da aula, os minutos de revisão do feito e como se continuará a aula próxima).
Os alunos que estavam assistindo a aula em suas casas, de maneira remota síncrona, faziam ao mesmo tempo a atividade que os colegas que estavam presencialmente. Na semana seguinte os que estavam assistindo pelo computador estariam presentes na sala e mostrariam os trabalhos na pasta para a professora estagiária. Essa era a maneira que as bolhas iam rotando de sala presencial e remota a cada semana. Se surgissem dúvidas os alunos falavam oralmente pelo computador e a professora estagiária respondia e orientava na hora, na sala de aula. As devoluções das atividades eram feitas em alguns casos pelo classroom e outras na semana seguinte de maneira presencial que a turma dos alunos remota estavam presentes e podiam mostrar o feito na aula anterior síncrona. A atividade de fechamento pelo geral era um jogo onde se sistematizava o conteúdo aprendido e era possível dividir oralmente o realizado com os outros colegas da turma, tanto estando em casa como na sala de aula.
Trabalhar simultaneamente é um desafio constante, é levar em conta que do outro lado da câmera há uma turma de alunos que precisam de orientação e acompanhamento quanto os que estão presentes na sala, a parte negativa eram os momentos de muito ruído na escola ou quando o sol batia forte no quadro e era difícil conseguir ler o escrito aí desde a tela do computador. É importante levar em conta que este tipo de metodologia de trabalho leva em consideração recursos tecnológicos que nem toda escola, nem alunos possuem nas suas casas.
Como conclusão, além das dificuldades próprias do ensino híbrido (falta de sinal da internet, ruídos no ambiente, problemas de conexão, etc.), especialmente para uma turma tão numerosa, a participação foi sempre ativa e o engajamento da maioria dos alunos era muito perceptível. Isto pode se dever à motivação produzida pelas atividades lúdicas, as quais foram sempre recebidas com muito interesse e desenvolvidas ao mesmo tempo pelos dois grupos (virtual e presencial), criando nesses momentos uma sensação de simultaneidade, de trabalho conjunto e possibilitando uma aprendizagem significativa. Os recursos lúdicos trabalhados (jogos como: passa palavra, stop, bingo, desenhar e adivinhar, improvisações, etc.) foram analisados previamente e planejados com o objetivo de funcionar como material potencialmente significativo e de relacionar os conteúdos já conhecidos pelos alunos com os novos, a partir da descoberta e o estímulo.
A seguir, anexamos um plano de aula híbrido realizado num primeiro ano de ensino médio duma escola particular da Cidade de Buenos Aires:
Fonte:
ALMEIDA FILHO, J. C. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas: Pontes, 2002.
Diseño Curricular de Lenguas Extranjeras. CABA 2001 https://www.buenosaires.gob.ar/areas/educacion/curricula/dle_web.pdf (em linha 21 de maio de 2021)
Comments