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Foto del escritorAlberto Varela

Exposição de “Rosana Paulino-Amefricana” no MALBA

A mostra de Rosana Paulino apresentada no MALBA em junho deste ano foi a mais completa que se realizou fora do Brasil. O conjunto da sua obra de três décadas está conformado por instalações, pinturas, desenhos, bordados, esculturas, etc. 


 
Exposição de “Rosana Paulino-Amefricana” no MALBA

Por: Apresentação Fernanda de Sousa Tomé

Relato de experiencia Alberto Varela


A mostra de Rosana Paulino apresentada no MALBA em junho deste ano foi a mais completa que se realizou fora do Brasil. O conjunto da sua obra de três décadas está conformado por instalações, pinturas, desenhos, bordados, esculturas, etc. 


Estudantes e docentes da “ENS en Lenguas Vivas Sofía B. de Spangenberg”  visitaram a exposição com o objetivo de que os alunos de vários cursos da licenciatura em português descobrissem a obra de uma artista ímpar. Procuramos por um lado que a proximidade com a produção de Rosana Paulino fosse tanto do ponto de vista estético como antropológico. Questões como escravidão, violência e diáspora africana, domínio colonial, Atlântico negro, lugar da mulher, etc presentes na sua vasta produção dialogam com o conceito de amefricanidade da antropóloga brasileira Lélia Gonzáles. Aliás, o nome da mostra é reflexo desse conceito político-cultural.


Alberto Varela, aluno da licenciatura na “ENS en Lenguas Vivas Sofía B. de Spangenberg”, redigiu um texto sobre a experiência vivida que compartilhamos com vocês.

Visita à exposição “Rosana Paulino-Amefricana” no MALBA Por Fernanda de Sousa Tomé

"Aos Amefricanos" - Relato de experiência Por Alberto Varela






Aos Amefricanos

Por Alberto Varela


Depois da visita feita, com o grupo do Lengüitas, na sexta-feira (sete de junho), à apresentação da mostra "Rosana Paulino Amefricana", no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires (MALBA), tentei fazer, não uma resenha mas uma relação das minhas impressões.


Foi muito claro que a autora, Rosana Paulino, não é apenas uma artista habilidosa em múltiplas técnicas, senão que ela tem algo mais para dizer.


O que a exposição apresenta é um grito, um choro, um desejo de existência que está presente, de maneira consciente ou não, em quase a metade da população do Brasil.


E esse grito vem de um passado triste, sem esperança, o passado escravista, que perdurou centenas de anos e que somente acabou no final do século XIX. A escravidão teve um fim, mas a dor, as dores, não.


A perda da identidade e da humanidade dessas pessoas que foram arrancadas dos seus núcleos familiares, para integrar outros grupos em um país distante, transformando-se em coisas, é uma sensação forte que impregna toda a mostra.


Isso vai desde a perda de documentação dessas histórias até o maltrato com fins científicos, segundo a interpretação dos conceitos errados da etnografia e outras especialidades afins naquela época. O que chamamos de racismo.


A escravidão parou, mas as atitudes dos antigos donos brancos, não. A pobreza foi uma nova maneira de impor a vontade sobre eles. Uma nova discriminação social, com a exclusão dos negros, mestiços, mulatos.


E, se olharmos bem, temos um sujeito preferencial nessa discriminação: as mulheres.


A autora apresenta várias perspectivas da problemática, cada uma delas em um formato diferente, que vão desde projeções audiovisuais até instalações tridimensionais, passando por retratos, montagens nos muros, confecção de livros apócrifos, miniaturas, grandes trípticos, têxteis, fotografias e outras técnicas, talvez sem nomes.


Agradeço por ter tido a experiência, nessa visita, de uma abertura conceitual sobre a persistência das feridas sociais da escravidão até hoje. Acho que a realidade é muito forte e não pode ser deixada de lado.


Também agradeço os esforços da cátedra "Seminário Cultura II 2024" da Profa. María Fernanda de Sousa Tomé e da Leitora Camila de Souza, que tornaram possível a visita e que forneceram o material bibliográfico para ampliar as ideias e entender a proposta.


Alberto Varela

Buenos Aires, 2024




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