A professora de português, Valeria Carmona, ativa e entusiasta colaboradora da nossa revista, compartilha conosco uma experiência em sala de aula e a reflexão surgida dela. Neste artigo destaca a importância da oralidade numa aula de PLE. A autora, a partir da sua experiência sobretudo na pós-pandemia com alunos do ensino médio, relata a dificuldade de realizar um projeto escolar no qual a oralidade foi chave. Perante a dificuldade da produção oral, a professora Valéria Carmona, implementou diversas estratégias encorajando os alunos para a prática dessa competência linguística.
A importância da produção oral na aula de PLE
Por Valeria Carmona
Como fazer com que os alunos se animem (desfrutando) de falar em público em uma segunda língua estrangeira?
Como parte da minha própria experiência como professora de português como segunda língua estrangeira, acho válido salientar que todos os grupos são bem diferentes, cada grupo tem um comportamento, costumes e motivações díspares. E, por sua vez, cada aluno tem as próprias, alguns gostam mais da exposição, outros têm pânico de falar em público, etc.
Agora, será que o aluno que não quer falar em público está eximido da produção oral? Para mim, não. Mas, aí é onde nossa tarefa como mediadores pode marcar a diferença e fazer com que ele passe bem nessa experiência.
Em 2021, aqui na Argentina, alunos, professores e diretores, nos adaptamos às modalidades estabelecidas pelo contexto pandêmico. Mas, na última parte do ano, voltamos à presencialidade completa e o vincular foi uma grande prioridade, visto que, não é novidade, a virtualidade obrigatória veio modificar e ressignificar a maneira de nos relacionarmos uns com os outros e a nossa maneira de aprender.
Nesse sentido, o trabalho em grupo é uma forma que os alunos, geralmente, preferem antes do que o trabalho individual e, além disso, nos permite integrar aqueles alunos que talvez não o estejam sem deixar em evidência essa situação. Também permite a mobilidade e ampliação dos subgrupos que se dão organicamente na sala de aula.
O projeto realizado foi chamado "Féria Literária" e consistiu em trabalhar desde todas as disciplinas pertencentes à área de língua: língua castelhana, inglês e português. Com a disciplina arte, logrou-se trabalhar a compreensão leitora duma perspetiva de apropriação, reinterpretação e compartilhamento de maneira criativa e multimídia. Os alunos estiveram em contacto com diferentes gêneros textuais, de todas as disciplinas, a criação e o lazer foi um conceito chave para que o projeto fosse realmente prazeroso e significativo.
Na minha área, trabalhamos com as lendas brasileiras a partir de uma reflexão intercultural. Cada curso investigou e pesquisou sobre determinadas lendas com o objetivo final de compartilhar com os outros cursos (3ero e 4to) o trabalhado em grupos.
Mas, uma situação interessante foi o que aconteceu, pontualmente, no 4to ano da escola média: só um aluno se ofereceu como voluntário para compartilhar com os outros cursos o trabalhado em grupos. Nessa situação, ficou evidente que falar em público era o problema e todo o projeto começou a perder o seu sentido colaborativo na construção de conhecimentos e saberes.
Para fazer frente a essa situação, me foquei em trabalhar e praticar muito com os alunos para que eles mesmos se sintam à vontade e seguros das suas capacidades:
Para minha grande surpresa, os alunos, aos poucos, começaram a se soltar e a se candidatar como voluntários para a mostra de fim de ano. Passou de ser um voluntário a mais de dez por curso. Foi realmente incrível ver como eles praticavam, perguntavam e preparavam suas exposições e recursos para poder enriquecer seus relatos.
Eles foram escutados por todo o colégio, tanto alunos, quanto professores, diretivos e alguns pais convidados à amostra. Todos se sentiram muito felizes e orgulhosos de ter participado, inclusive, tive vários voluntários de último momento que, infelizmente, por questões de tempo na organização da amostra se candidataram como, segundo suas próprias palavras, "voluntários para a próxima amostra".
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