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Foto del escritorMaria Fernanda de Sousa Tomé

Peixoto, Galveias e o refúgio das palavras


A visita do autor português José Luis Peixoto na ENS Lenguas Vivas "Sofía Spangenberg" em novembro de 2016 contou com a participação de professores e estudantes do curso de Professores de Português e outros membros da comunidade de profissionais no ensino e tradução da língua portuguesa. Neste artigo, a professora Fernanda de Sousa Tomé recupera uma resenha do encontro.

 

Peixoto, Galveias e o refúgio das palavras

José Luis Peixoto nos visitou e nos contou do seu mundo, desse mundo que tem como ponto de partida a sua infância e a memória da sua aldeia alentejana como fonte de significados, palavras e histórias.


“devagar, o tempo transforma tudo em tempo. o ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo”. [1]



No dia 7 de dezembro de 2016, o escritor português José Luis Peixoto venceu a Edição 2016, do Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa “Oceanos”, com o seu romance Galveias, publicado em 2014.


Orgulhosamente, podemos dizer, que alguns dias antes dessa premiação, José Luis Peixoto visitou a nossa escola ENS Sofia. B. de Spangenberg, e leu para nós as primeiras páginas desse romance. Também ouvimos na sua voz o poema “Quando ficamos como assim” do seu livro de poemas Gaveta de Papéis.




Da mesma forma que outros autores internacionais, José Luis Peixoto tinha vindo à Argentina para participar em diversas atividades da oitava edição do Filba Internacional (Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires) realizado entre 28 de setembro e 2 de outubro de 2016.


Com muita amabilidade, aceitou o nosso convite para uma conversa com alunos, docentes e público em geral. Nesse encontro começamos a descobrir a razão de ele ser uma das figuras mais destacada da literatura portuguesa contemporânea. Galveias, a aldeia alentejana onde nasceu, foi o centro de muita das suas reflexões e comentários.


Descobrimos que é um escritor com uma grande sensibilidade. Descobrimos que consegue transmitir questões existenciais e temáticas universais em cada uma das suas obras. Aliás, é a partir daquele mundo rural da sua infância e dessas vivências que se nutre para escrever. Descobrimos, também, que a poesia é a lente com a qual ele enxerga o mundo e que, sem dúvida, está presente de forma irredutível na sua vida.


Nessa amena conversa mencionou a exigência que sentiu ao escrever seu romance Em teu Ventre, que trata das aparições de Fátima em 1917, um fato histórico e religioso que marcou a sociedade portuguesa. Segundo Peixoto, a responsabilidade de contar sobre esses fatos foi o maior desafio da sua escrita, esclareceu que sua intenção era contribuir com outro olhar sobre o assunto.

Ao finalizar o encontro, com muita gentileza e afeto deu de presente e dedicou, a cada um dos presentes, um exemplar em espanhol duma recopilação de poemas escolhidos.

 

Biografia [2]

José Luís Peixoto nasceu no ano da Revolução dos Cravos, em 4 de setembro de 1974, numa aldeia do Alto Alentejo, chamada Galveias, que dá o nome a um dos seus últimos romances. Aos 18 anos, foi estudar Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de estudos ingleses e alemães, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Durante algum tempo, foi professor em várias escolas portuguesas e também em Cabo Verde.


Recebeu, com apenas 27 anos, o Prêmio Literário José Saramago, e a partir desse reconhecimento, a sua obra tem alcançado uma ampla dimensão internacional.


Sua obra foi traduzida e publicada em 26 idiomas e foi galardoada em várias ocasiões com prêmios de destaque internacional. As críticas de vários jornais como The Independent, The Guardian, Times, ABC, Le Figaro, Le Monde, La Reppublica, Corriere de la Sera,Folha de S.Paulo, etc, referem a qualidade da escrita de Peixoto.


Escreve romances, poesia, literatura infanto-juvenil e de viagem. Também tem uma ampla produção de textos como colunista da imprensa portuguesa, como é o caso do JL-Jornal de Letras ou das revistas Time Out, Notícias Magazine, UP, entre outras.

A sua obra foi adaptada para diversos espetáculos e obras artísticas.

Bibliografia de José Luís Peixoto

  • Morreste-me (Prosa, 2000)

  • Nenhum Olhar (Romance, 2000)

  • A Criança em Ruínas (Poesia, 2001)

  • Uma Casa na Escuridão (Romance, 2002)

  • A Casa, a Escuridão (Poesia, 2002)

  • Antídoto (Prosa, 2003)

  • Cemitério de Pianos (Romance, 2006)

  • Cal (Prosa e Teatro, 2007)

  • Gaveta de Papéis (Poesia, 2008)

  • Livro (Romance, 2010)

  • Abraço (Prosa, 2011)

  • A Mãe que Chovia (Infantil, 2012)

  • Dentro do Segredo (Viagens, 2012)

  • Galveias (Romance, 2014)

  • Em Teu Ventre (Novela, 2015)

  • Todos os Escritores do Mundo têm a Cabeça Cheia de Piolhos (Infantil, 2016)

  • Estrangeiras (Teatro, 2016)

  • O Caminho Imperfeito (Viagens, 2017)

 

[1] EXPLICAÇÃO DA ETERNIDADE- Excerto de poema de José Luís Peixoto, in A Casa, A Escuridão Disponível em http://www.joseluispeixoto.net/tag/poemas+de+jos%C3%A9+lu%C3%ADs+peixoto. Acesso 20-10-17

[2] Para mais informação sobre a obra e a vida de José Luis Peixoto podem acessar o seguinte link:

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