top of page
  • Foto del escritorMariana Cuello

Converminista: corpos que falam

Mariana Cuello, aluna da ENS en Lenguas Vivas “Sofía E. Broquen de Spangenberg”, faz neste artigo uma resenha do 1º encontro virtual “Corpos que falam”, organizado pela Comissão de Gêneros do CETEL no dia 10 de julho de 2020, com o propósito de oferecer um espaço de reflexão e debate sobre os corpos e as construções sociais relacionados a eles desde uma perspectiva feminista.

 

Converminista: corpos que falam

Mariana Cuello

A Comissão de Gêneros do CETeL (Centro de Estudiantes Terciaries del Lengüitas) foi criada no início de 2018 por um grupo de alunas que achamos era preciso ter um espaço que trabalhasse dentro da instituição com perspectiva de gênero e que acompanhasse às alunas e aos alunos na construção de uma educação feminista, isto é, que defenda a igualdade de direitos e possibilidades das pessoas.


Começamos a nos organizar e percebemos que precisávamos de um espaço dentro da instituição que trabalhasse pontualmente as questões de gênero. Desde então convocamos e fomos as marchas de Nem Uma Menos, do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, fomos ao Encontro Plurinacional de Mulheres e Dissidências, levamos a proposta ao Conselho Diretivo (junto com Comunidade Lengüitas) de destinar horas institucionais a um projeto de Educação Sexual Integral (hoje: Projeto ESI Com Todxs e Para Todxs). Além disso, organizamos várias palestras, debates e atividades na nossa instituição o que hoje devemos fazer virtualmente, dando origem ao novo ciclo de conversatorios feministas: Converminista Lengüitas.

O primeiro encontro virtual dentro deste ciclo foi “Corpos que falam” com o objetivo de conversar sobre os corpos e as construções sociais relacionados a eles desde uma perspectiva feminista. Foi levado a cabo no dia 10 de julho de 2020 e nos acompanhou uma convidada especial: Lala Pasquinelli de Mulheres que não foram capa (Mujeres que no fueron tapa).


Lala Pasquinelli é artista visual, ativista, comunicadora, escritora, fundadora de Mulheres Que Não Foram Capa, um movimento de arte e ativismo que visibiliza a maneira desigual na que a mídia mostra imagens de homens e mulheres; e reproduzem estereótipos; ao mesmo tempo que tenta hackear as consequências dessa representação.


Durante a palestra, Lala nos contou que por meio de Mulheres Que Não Foram Capa (MQNFC) mostram como a cultura, através de diferentes indústrias reforça os estereótipos de gênero.

Há dispositivos que nos marcam, que constroem o feminino e o masculino, criam expectativas e roles que há que cumprir para “ser mulheres”. Existem certos ideais de ser mulher, um modelo de beleza, um mandato. Assim como os femininos, também existem estereótipos masculinos.


Desde MQNFC criaram um projeto chamado “Hackeo de estereótipos” o qual procura desnaturalizar os estereótipos, a violência simbólica, a objetificação[1] nos meios de comunicação, a moda, a publicidade, a indústria do entretenimento, etc. dentro das escolas nos distintos níveis.


Lala explicou que a ideia do hackeo, que foi tomada do manifesto Hacker, procura intervir nos canais de informação massiva e homogénea e transformar as mensagens, com um olhar crítico, também é isso o que fazem nas suas redes sociais.


Estão realizando um “Festival do hackeo de estereótipos”[2] em escolas, o que fazem é trabalhar com as ideias que constroem o “ser mujer” e o “ser homem” e hackear essa ideia de que “como somos está errado”, já que nunca ninguém encaixa nesses “dever ser”.


MQNFC também formou a Rebelião das F.E.(I).A.S. (Fortes Em Ação Sorora) através da qual mulheres compartilham suas experiências e compreendem que o que acontece com cada uma delas não são só experiências pessoais, senão que acontecem com todo um coletivo. Fica evidente que existe um sistema que utiliza o dispositivo do mandato da beleza para oprimir. Assim, a beleza constitui para as mulheres um terceiro tempo de trabalho.


As redes sociais nos “bombardeiam” com certas imagens, com certa informação (isso se intensifica durante a quarentena ao passar mais tempo nas redes sociais). É interessante revisar que contas seguimos e de que imagens nos nutrimos. As imagens que consumimos podem nos provoca um grande dano. Seria útil fazer um registro das sensações e experiências que cada conteúdo e cada conta que seguimos gera em nós.


¿Que acontece com as celebridades hegemônicas que seguem e reforçam o modelo de beleza, e por outro nos dizem que devemos nos amar e aceitar como somos? Assim é como nos impõem que além de pertencer ao modelo hegemônico de beleza, devemos nos amar.


O “amor próprio” não acontece em solidão, como é sugerido por essas mensagens individualistas, porém, a saída é coletiva.


Aliás, tudo continua girando em torno ao corpo, à aparência, ao físico, ao superficial, à beleza. Esse tipo de mensagens são perigosas já que ainda fazem parte da mesma lógica. É uma mensagem despolitizante e despolitizada, que te deixa só, isolada.


É preciso ter um olhar crítico do “feminismo hegemônico”, mulheres que se sustentam economicamente reproduzindo um modelo que violenta o resto das mulheres (e a ela própria) É isso o empoderamento? Ser crítica não implica deixar de ser sorora.

 

Recomendações que surgiram durante o conversatório:


Wolf, N., (1990). El mito de la belleza: Cómo se utilizan las imágenes de la belleza contra las mujeres. Estados Unidos: Chatto & Windus.


Contrera, L., Cuello, N., (2016). Cuerpos sin patrones: resistencias desde las geografías desmesuradas de la carne. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Madreselva


Noxon, M., Ellison, D., Curtis, B., Lynn, J., Goldberg, D., Ross. M., Grasso, M., Curtis, B., Hoyt, J., (produtores) e Noxon, M., (diretor). (2018). Dietland. Estados Unidos. AMC Studios, Skydance Television, Tiny Pyro.


Caplan, S., Specter, R., Wauchope, A., Gube, R., (produtores) e McKenna, A., Bloom, R., Webb, M., Ehrlich, E., Caplan, S., Hitchcock, M., (diretores). (2015-2019). Crazy Ex-Girlfriend. Estados Unidos. LeanMachine, Webbterfuge, Black Lamb, Racheldoesstuff, Warner Bros Television e CBS Television Studios.


“Niños vs moda” de Yolanda Dominguez (https://yolandadominguez.com/portfolio/ninos-vs-moda/)


Iniciativa Spotlight de la ONU (http://www.spotlightinitiative.org/es)


“Varones y masculinidades” de Spotlight de la ONU (https://www.onu.org.ar/stuff/spotlight/Varones-y-Masculinidades.pdf)


Lucho Fabri: Masculinidades y Cambio Social (http://institutomascs.com.ar/)


 
[1] Objetificação: consiste em analisar um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seu emocional ou psicológico [2] “Festival do hackeo de estereótipos”: https://www.facebook.com/1582298968736147/videos/281424399764661/ http://www.mujeresquenofuerontapa.com/festival-de-hackeo-de-estereotipos/ http://www.mujeresquenofuerontapa.com/festival-de-hackeo-de-estereotipos-2020/
0 comentarios

Entradas Recientes

Ver todo
bottom of page