Neste trabalho, a professora Talita Vieira Moço (USP, Brasil), desenvolve uma análise de contrastividades entre a língua portuguesa e o castelhano, baseada na comparação do uso do verbo estar em função apresentacional em reportagens publicadas em matérias jornalísticas de São Paulo e Buenos Aires sobre as manifestações ocorridas no Brasil entre 2015 e 2016.
O emprego do verbo "estar" com valor não estativo no português brasileiro e no espanhol
Talita Vieira Moço
Introdução
Embora o verbo estar seja amplamente usado no PB e no E com usos bastante semelhantes, este lexema também compõe sentenças que em uma ou outra língua são formadas por verbos diferentes. Neste estudo, apresentamos os principais usos de estar em ambas as línguas e analisamos alguns casos em que em vez deste verbo, em PB, a predicação é feita por outras formas verbais como ir e ficar.
Apesar do uso significativo do verbo estar nas duas línguas, verificamos que há poucos estudos específicos sobre seus usos. Em grande parte das gramáticas consultadas, e sobretudo nas brasileiras, a descrição se restringe ao aspecto formal desse verbo, limitando-se muitas vezes à sua classificação como verbo pleno, funcional, cópula ou auxiliar.
Adotando esta perspectiva comparada, motivada pela nossa prática no ensino de E/LE no Brasil, focalizaremos diferenças, ora mais sutis, ora mais evidentes, entre o uso de estar em PB e em E. Para ilustrar nossa discussão, utilizamos ocorrências estar em entrevistas realizadas com falantes cultos de São Paulo e Buenos Aires extraídas do Corpus do Português[1] e do Corpus del Español[2], assim como ocorrências extraídas de reportagens de jornais das cidades de São Paulo (El País, edição brasileira; Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo) e de Buenos Aires (Página 12; Clarín e La Nación) sobre as manifestações ocorridas no Brasil entre março de 2015 e maio de 2016. As incidências de outra fonte são referenciadas por meio de notas de rodapé.
Considerações sobre as semelhanças estar no português brasileiro e no espanhol
Tanto no português brasileiro, quanto no espanhol, o verbo estar constrói uma variedade de sentenças semanticamente diferentes, algumas das quais apresentam também uma configuração sintática particular. Deste modo, o verbo estar pode exprimir, em ambas as línguas, o sentido de localização e permanência (1ab), assim como veicular características do sujeito consideradas novas por serem o resultado de uma mudança ocorrida (2ab). O verbo pode ainda funcionar como auxiliar associando-se a formas nominais em diferentes perífrases como nos exemplos 3ab e 4ab:
(1a) Como sua mãe e seu pai, você chegou perto de cometer suicídio, mas felizmente ainda está aqui entre nós. O que levou você a quase se matar? (PB – 19 – OR- ISP- OL)
(1b) [...] las secretarias o el personal que está aquí conmigo no... no participamos en ese tipo de reuniones […] (ERA – 19 – OR - 12)
(2a) [...] O projeto está pronto, o roteiro está pronto, mas continuo burilando, até porque é a parte mais barata. (PB – 19 – OR- ISP- NPS)
(2b) […] ¿cómo puede arriesgarse un muchacho que viene a pedir la mano de una chica, sin saber ni cómo está, que hace dos años que no la ve? No sabe si está gorda, si está flaca, si está fea, si está peor que antes, si está mejor […]. (ERA – 19 – OR – M27)
(3a) Eu liguei e falei: " Como é que você está fazendo uma exposição dos 100 anos do Di? Essa exclusividade é minha, está escrito aqui [...]. (PB – 19 – OR- ISP- DL)
(3b) […] me contás un poco... este... qué es lo que estás haciendo ahora en cuanto a trabajo […]. (ERA – 19 – OR – M23)
(4a) Em sua opinião, como os resultados das eleições serão interpretados em Washington, onde a administração Clinton está para apresentar um relatório ao Congresso sobre os três primeiros anos do acordo de livre comércio com o México e o Canadá, o Nafta. (PB – 19 – OR- ISP- JC)
(4b) Yo le diría que habría que visitarlo a la tardecita como lo visitamos nosotros, porque como eso se está por derrumbar, han hecho una especie de armazón […]. (ERA – 19 – OR – M15)[3]
O verbo funciona também como auxiliar das perífrases que têm como verbo principal uma forma em particípio para codificar o aspecto resultativo tanto em PB quanto em E[4]:
(5a) É um absurdo ouvir certos teóricos e economistas do governo falarem que não há necessidade de se fazer reforma agrária no Brasil porque o problema da terra está resolvido. (PB – 19 – OR- ISP- EL)
(5b) y es gracioso porque ese problema muchas veces, cuando ya eh... se ha trabajado dos, tres, cuatro años en el mismo problema la mente es como si se cansara, entonces cambian de tema. Entonces en la moda... eh... se pone de moda otro tema - - - que a lo mejor el primero no está resuelto del todo, pero... […]. (ERA – 19 – OR – M6)
Segundo a tradição gramatical espanhola, quando usado para indicar a permanência ou persistência de algo em algum lugar ou situação (1ab), estar apresenta a significação geral de localização derivada do sentido original latino de “estar de pé” ou “estar situado” e classifica-se como forma plena ou verbo predicativo, já que funciona como núcleo sentencial, selecionando argumentos e atribuindo-lhes papéis temáticos. Os argumentos internos oblíquos selecionados pelo verbo são expressões locativas, tanto as que indicam localização espacial (6ab), quanto as que, por extensão do conceito de lugar, expressam localização temporal (7ab):
(6a) Estado - Em Wimbledon, o que você ganhou?
Maria Esther - As réplicas, em miniatura, daquele prato enorme que se vê nas fotografias. O original está lá, na entrada da quadra central. (PB – 19 – OR- ISP – GF)
(6b) Inf.a - Bueno, esa está en el disco ¿cómo se llama? justamente, El país de no me acuerdo.
Inf.b - Ah, esa está ahí. (ERA – 19 – OR – M21)
(7a) O livro do Hermano foi publicado na década de 80 e nós estamos em 2004. (PB – 19 – OR- ISP – NM)
(7b) Eh... quiero ir sintetizando un poco porque si no va a ser demasiado extenso y no vamos a llegar a lo que a mí me interesa que es la […] del siglo diecinueve. Bueno estamos en los fines del siglo dieciocho y estamos entrando en el siglo diecinueve. (ERA – 19 – OR – M15)
Para Castilho (2014, p. 398), no entanto, a maior parte dos empregos de estar como verbo pleno no português deve ter desaparecido no século XVI. Também em espanhol, segundo Leborans (1999), é quase inusitado atualmente o uso de estar em seu significado primitivo de “permanecer imóvel” ou “em repouso” sem complemento locativo expresso:
(8a) [...] e tanto perdera ja do sangue que nom podia ja estar. (não podia conservar-se de pé)[5]
(8b) ¡Déjate estar!
O autor considera que nos exemplos 6ab e 7ab o verbo estar não atua como núcleo do predicado, já que essa função é deslocada para o termo adjacente à sua direita - geralmente sintagmas nominais, adjetivais, adverbais e preposicionais – e estar passa a atuar como verbo funcional. O tipo de termo à direita do verbo configura, segundo o autor, as estruturas locativa (9ab), modal (10ab) e atributiva (11ab) organizadas por esse verbo:
(9a) Agora, ela está em São Paulo, seduzindo os telespectadores do canal Bravo Brasil, onde faz a locução. Mas, com frequência, dá o ar da graça em Bauru [...]. (PB – 19 – OR- ISP – L)
(9b) ¿Usted podría sintetizarme más o menos las actividades de un día común de su vida - digamos, cuando está en Buenos Aires? (ERA – 19 – OR – M16)
(10a) A gente só sabe que está bem no filme e o filme está bom quando fica pronto. Nem o diretor sabe. (PB – 19 – OR- ISP – FT)
(10b) Pobre, está mal de la cabeza […]. (ERA – 19 – OR – M30)
(11a) O presidente da Assembléia, Francisco Küster (PSDB), está preocupado com violência no dia da votação do relatório. (PB – 19 – OR- ISP – PAV)
(11b) ¿No estoy hermoso? (ERA – 19 – OR – M24)
Se em 9ab se expressa a relação de permanência do sujeito em determinado espaço, em 10ab o verbo estar é usado para estabelecer uma relação de permanência de uma qualidade que apresenta o sujeito por um tempo indefinido. Ao combinar-se com alguns adjetivos como o de 11b o uso de estar predica uma qualidade nova, ou seja, o ingresso a um novo estado.
Considerações sobre as especificidades de estar no PB e no E
Como vimos anteriormente, estar pode atuar como verbo auxiliar em perífrases formadas por lexemas em gerúndio, particípio e infinitivo. Em estudo anterior (MOÇO, 2006), observamos que o complexo verbal formado por estar + gerúndio com auxiliar em presente, usado geralmente para expressar o desenvolvimento de um evento particular num intervalo que coincide com a enunciação, é bastante produtivo em ambas as línguas, embora em espanhol em alguns contextos também seja possível o uso da forma simples:
(12a) Do que você (es)tá rindo?
(12b)¿De qué te estás riendo?
(12c) ¿De qué te ríes?[6]
Em estudo posterior (MOÇO, 2011), após uma análise descritiva de viés sociolinguístico dos valores semânticos da perífrase perfectiva em ambas as línguas, observamos que com o auxiliar em pretérito perfeito, usado para expressar a duração ou repetição de um evento anterior ao momento da enunciação, a frequência da perífrase é maior em espanhol. Em PB seu emprego parece estar mais restrito aos registros formais (13a), o que parece indicar que estamos nos aproximando de um emprego estilístico da perífrase com estar em perfeito. Nos registros mais coloquiais, em lugar de estar tende-se a usar o verbo ficar:
(13a) A União Europeia (EU) deve se afastar dos Estados Unidos ou arriscará perder um acordo climático sólido e sobre o que esteve trabalhando durante dois anos.[7]
(13b) Assim como não lembro como aprendi a andar, não sei dizer como a cor entrou no meu caminho. Sou uma pessoa atenta e fiquei observando nuances das cores do céu, das luzes de mercúrio. (PB – 19 – OR- ISP – LB)
(13a) Además esté no sé si le interesa que yo antes de dedicarme al campo porque el campo estaba arrendado cuando mi padre murió lo había arrendado... eh... es... estuve trabajando acá en Buenos Aires en la segunda cátedra de obstetricia […]. (ERA – 19 – OR – M16)
Com relação aos compostos formados por um verbo principal em particípio, alguns lexemas que se combinam frequentemente com estar em espanhol, formando o que alguns autores consideram uma passiva de estado, em PB tendem a se combinar com o verbo auxiliar ser:
(14a) Os jovens da cidade, quase sempre, amadurecem muito tarde, mas no interior eles têm desde cedo de participar das decisões dos adultos, de sua luta para comer, e são obrigados pela realidade a amadurecer. (PB – 19 – OR- ISP- IA)
(14b) Inf d: Ahora en el colegio hablan inglés con la profesora; la maestra les habla a ellas y...
Inf.b. - Claro, porque la enseñanza forma parte de...
Inf.d. -...y están... están obligadas, pero como en casa no... no están obligadas, entonces... (ERA – 19 – OR – M24)
(15a) Penso que se exagera um pouco a função dos conflitos nos congressos da CUT. Do jeito como eles são feitos, com muitos participantes, cria-se um clima de comício. (PB – 19 – OR- ISP- IA)
(15b) La poesía está hecha de palabras comunes al lenguaje familiar; pero, sin embargo, no diremos que hacer poesía es hablar la lengua familiar. (ERA – 19 – OR – M19)
O verbo estar é usado também como verbo existencial combinado com sintagmas nominais definidos em distribuição complementar com o verbo haber, devido à escassa compatibilidade deste verbo com argumentos que apresentam determinantes definidos (FANJUL, 2014):
(16) Inf.b. - Ahora, por televisión no es así, porque en toda la cuestión noticieros, ¿vos vistes? hay, sí, hay, sí... hay mujeres, ¿no?
Inf.c. - Hay mujeres.
Inf.b. - Está la J. y...
Inf.c. - Claro. (ERA – 19 – OR – M24B)
(17) Bueno, e... es el mismo autor desde hace mil años y tiene el mismo método para el alemán, para el inglés, para el francés; están las gramáticas de Sauer para el que aprende alemán […]. (ERA – 19 – OR – M24B)
Além dessas assimetrias observadas, verificam-se outros usos de estar em espanhol que, segundo a nossa hipótese, tendem a ser representados em PB por outras formas verbais:
(18a) Bal por el momento no se refirió al tema. […] . Hace dos días, el actor no dudó en compartir la frase "Todo va a estar bien", en su cuenta de Twitter con el deseo de que se termine la tormenta en la que está envuelto de una vez por todas.[8]
(18b) então se você não está bem precisa de uma terapia mas não está indo tão mal você nâo vai fazer terapia - ah - " fulano faz terapia " o cara " não não faço " aí um dia que ele fica mal pra burro entra numa fossa não sabe mais o que fazer aí que ele começa a ficar bem se estrepa todo mesmo porque ai que vai procurar ajuda né? (PB – 19 – OR- ISP- 2: 343)
(19a) La torta estuvo genial.[9]
(19b) O bolo ficou ótimo. (tradução nossa)
Como se vê em 18a, estar em E expressa uma das fases de um processo de mudança (18a), normalmente representada lexicalmente pelo verbo ficar no PB (18b), diferença que também se observa ao expressar uma qualidade nova do sujeito que é o resultado de uma situação anterior (19ab).
Também são interessantes os casos em que estar, em pretérito perfeito, representa o deslocamento do sujeito a algum lugar. De acordo com Borba (1991), com sujeito agente e complemento locativo, o verbo estar em pretérito perfeito - mas também em pretérito mais que perfeito e futuro do presente - não indica estado e sim ação, e apresenta o mesmo significado que o verbo ir:
(20a) Arregui era um homem fascinante. Um selvagem. Em 1982, ele esteve em Porto Alegre. (PB – 19 – OR- ISP – SF)
(20b) ¿Usted en qué fecha me dice que estuvo en Méjico? (ERA – 19 – OR – M15)
(21) E depois o Bocage se presta muito a isso. Viajou, veio até aqui, foi para Macau, por isso a polifonia dos sotaques. (PB – 19 – OR- ISP – DLB)
Nossa hipótese é que, embora o uso de estar também seja possível em PB, como vemos em 20a, seu emprego em pretérito perfeito ocorre em contextos restritos, geralmente associados à língua escrita ou à situações mais formais. Consideramos que na maioria dos contextos em que se expressa o deslocamento do sujeito até um lugar tende-se a usar o verbo de movimento ir, acompanhado de preposições como a, para e em.
Embora nos exemplos que aparecem na próxima seção o verbo ir se combine combinado com a forma a, o que se explica pelo fato das ocorrências pertencerem à modalidade escrita, sua frequência nos registros coloquiais vem diminuindo, ao passo que o uso de para se expande (CASTILHO, 2014). Este contraste se evidencia nos enunciados abaixo já que no primeiro exemplo, que corresponde a uma manchete de um dos jornais, emprega-se a, enquanto na reprodução da fala espontânea do presidente do Partido dos Trabalhadores aparece a preposição para:
(22) Os anti-impeachment vão às ruas engrossar mensagem contra “golpe” (El País – 31/04/2016)
(23) “Hoje é o dia de a gente ir para a rua com firmeza e tranquilidade. A avenida Paulista foi desocupada pela polícia [...]”. (O Estado de São Paulo – 18/03/2016)
A expressão dos sentidos de existência/participação/aparição em PB e em E na modalidade escrita: semelhanças e diferenças
A análise de reportagens de jornais das cidades de São Paulo (El País, edição brasileira; Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo) e de Buenos Aires (Página 12; Clarín e La Nación)[10] sobre as manifestações ocorridas no Brasil entre março de 2015 e maio de 2016 permite observar a diversidade de formas usadas em ambas as línguas para representar linguisticamente a participação dos manifestantes nos protestos contra ou a favor do governo da então presidenta Dilma Roussef.
É frequente, por exemplo, o emprego das construções existenciais. Embora a forma ter seja o verbo existencial mais usado no PB contemporâneo, principalmente na modalidade falada (GONÇALVES, 2012), nas reportagens que compõem esta amostra, este sentido é representado pelas formas haver e ser, que também são utilizadas (haber/ser) nas reportagens dos jornais argentinos consultados:
(24) Já havia manifestantes na Paulista desde o fim da manhã. (O Estado de São Paulo - 13/03/2016)
(25) […] según los organizadores, hubo unas 250.000 personas y para la policía 80.000. (Clarín – 18/03/2016)[11]
(26) Na avenida de agora eram 95.000 pessoas dispostas a ouvi-lo, segundo contagem do Instituto Datafolha. (El País 18/03/2016)
(27) Los organizadores, en explosión de entusiasmo, dicen que han sido más de dos millones 500 mil. (Página 12 – 13/03/2016)
É interessante observar que as ocorrências de haver em PB aparecem em pretérito imperfeito, ao passo que em E haber é usado em pretérito perfecto simple. O mesmo acontece com o verbo ser, conjugado em imperfeito em PB e em pretérito perfecto simple e compuesto em espanhol. Ocorrências como essas e outras observadas anteriormente sobre a alternância entre ser e estar nas duas línguas parecem indicar que em alguns casos as noções aspectuais são representadas de maneira diferente em cada língua.
Como já mencionado nas seções anteriores, em PB, foi encontrada também uma ocorrência do verbo estar com sentido existencial combinado com um sintagma nominal indefinido, caso em que, no E, a combinação mais frequente se dá com o verbo haber, atuando o sintagma nominal como argumento externo:
(28) “Não votei na Dilma, mas ela deve ficar. [...]", disse a dona de casa Luiza Borges, na Praça da Sé, em São Paulo. Por ali também estava um grupo de cinco homens, todos por volta de cinquenta anos, que tirava uma selfie. (El País - 31/04/2016)
(29) “No voté a Dilma, pero debe quedarse [...]", dijo el ama de casa Luiza Borges, en la Praça da Sé, en São Paulo. Por allí también había un grupo de cinco hombres, todos alrededor de los cincuenta años, que se sacaba una selfie.
(30) “No voté a Dilma, pero debe quedarse [...]", dijo el ama de casa Luiza Borges, en la Praça da Sé, en São Paulo. Por allí también estaba un grupo de cinco hombres, todos alrededor de los cincuenta años, que se sacaba una selfie.[12]
Tanto em PB quanto em E foram encontradas algumas ocorrências do que Mendikoetxea (1999) considera verbos de aparição (31) e de percepção (32):
(31) O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu para Dilma a eleição de 2014, apareceu na janela do seu apartamento no Rio e divulgou um vídeo na internet. (Folha de São Paulo - 15/03/2015)
(32) Allí se vio también al jugador de fútbol Ronaldo, un ex crack que apoyó directamente al ex candidato presidencial Aécio Neves. (Clarín - 15/03/2015)
Outros verbos usados para indicar a quantidade de pessoas presentes nas manifestações são os de caráter causal. De acordo com Campos (1999), esses verbos se caracterizam por terem como consequência um acontecimento:
(33) Em São Paulo, o protesto atraiu 210 mil pessoas para a avenida Paulista, segundo cálculos feitos pelo Datafolha. (Folha de São Paulo - 15/03/2015)
(34) Las marchas y congregaciones reunieron en Río de Janeiro a unas 15.000 personas. (La Nación – 15/03/2015)
Tanto em PB quanto em E também foram encontradas algumas ocorrências com as construções equivalentes tomar as ruas/tomar las calles. No E encontrou-se também uma ocorrência com o verbo ganar:
(35) A massa que tomou a avenida Paulista, em sua maioria vestida de verde e amarelo, era prioritariamente de classe média. (El País 15/03/2015)
(36) La concurrencia fue notoriamente menor a los 3,6 millones de brasileños que el domingo último tomaron las calles para pedir la salida de Rousseff del poder. (Clarín 18/03/2016)
(37) Sólo en San Pablo, un millón y medio de manifestantes ganaron la calle pidiendo la destitución de la presidenta. (La Nación – 15/03/2015)
No E, também foram usados para representar linguisticamente a presença de uma grande quantidade de pessoas nas manifestações verbos como colmar, desbordar, cobrir:
(38) Los organizadores de las marchas de protesta que ayer colmaron las calles brasileñas cumplieron lo prometido: han sido las mayores manifestaciones, en números absolutos, de la historia. (Página 12 – 13/03/2016)
(39) En la mayor manifestación de la historia democrática del país, más de tres millones de brasileños desbordaron ayer las principales ciudades. (La Nación – 13/03/2016)
(40) La mayor manifestación fue en San Pablo, donde la policía militar calculó que 1,4 millones de personas cubrieron la tradicional avenida Paulista. (La Nación – 13/03/2016)
Verbos como esses, que indicam uma mudança de estado do objeto, não foram encontrados na amostra do PB. Tampouco foram encontrados verbos que se referiam metaforicamente ao modo de se mover dos indivíduos, como desfilar e marchar, presentes na amostra do E:
(41) Institutos de sondeo de opinión pública calcularon, terminada la marcha, que al menos un millón de personas desfiló por la avenida Paulista. (Página 12 – 15/03/2015)[13]
(42) Decenas de miles de personas, parte de ellas procedentes de otros estados, marcharon ayer en Brasilia al grito de “no va a haber golpe, va a haber lucha”. (Página 12 - 01/04/2016)
No entanto, o uso de formas equivalentes no PB parece ser possível:
(43) Os organizadores dos protestos que ontem encheram as ruas brasileiras cumpriram o que prometeram: foram as maiores manifestações, em números absolutos, a história.
(44) Na maior manifestação da história democrática do país, mais de três milhões de brasileiros lotaram ontem as principais cidades.
(45) A maior manifestação foi em São Paulo, onde a polícia militar calculou que 1,4 milhões de pessoas cobriram a tradicional Avenida Paulista.
(46) Institutos de pesquisa de opinião pública calcularam, terminada a manifestação, que ao menos um milhão de pessoas desfilou pela avenida Paulista.
(47) Milhões de pessoas, parte delas procedentes de outros estados, marcharam ontem em Brasília ao grito de “não vai ter golpe, vai ter luta”.[14]
Embora não se trate de uma análise quantitativa, é interessante observar que na amostra do PB a forma verbal mais usada para indicar a quantidade de pessoas que se deslocou até determinados locais para protestar foi o verbo de movimento ir (19 ocorrências), relacionado na maioria dos casos a sujeitos com traço [-específico] como “muitos”, “manifestantes”, “mais de três milhões”, etc., mas também a sujeitos com traço [+ específico] como “Lula”, “a gente”, “as irmãs J. e H.Z”:
(48) Entretanto, muitos foram para a avenida Paulista sem entender direito o que estavam apoiando. Karin Salden, 28, administradora e dona de uma fábrica de peças para carro segurava uma faixa em que pedia a renúncia da Dilma. Mas ela afirma que quer mesmo é o impeachment. (El País – 15/03/2015)
(49) Pesquisa mostra que manifestantes vão às ruas contra a corrupção (O Estado de São Paulo – 15/03/2015)
(50) De acordo com o site G1, ao todo mais de três milhões foram às ruas em 229 cidades, levando em conta dados fornecidos pela Polícia Militar. (El País – 13/03/2016)
(36) Protestos foram realizados em ao menos 45 cidades, [...] mas a capital paulista teve a maior aglomeração de pessoas –Lula foi à manifestação, onde permaneceu por cerca de uma hora e fez um discurso. (Folha de São Paulo - 18/03/2016)
(37) “Hoje é o dia de a gente ir para a rua com firmeza e tranquilidade [...]”. (O Estado de São Paulo – 18/03/2016)
(38) As irmãs J. e H. Z. foram à avenida Paulista protestar pela saída de Dilma 8sob críticas do irmão contrário à saída da petista. (O Estado de São Paulo – 13/03/2016)
Ainda que em muitos casos o lexema pareça integrar uma colocação - “ir às ruas”, assim como “sair às ruas” e “tomar as ruas” -, e esta pareça ser mais empregada nos meios de comunicação com sentido de “protestar”, considero significativo que na amostra selecionada em espanhol esta construção apareça em só uma sentença:
(39) […] el país vive tal estabilidad que más de un millón de personas fueron a las calles a protestar y no pasó nada. (Página 12 - 15/03/2015)[15]
Foram encontrados também outros verbos que denotam direção inerente como sair/salir, chegar/llegar, nas duas variedades focalizadas, e voltar, na imprensa brasileira:
(40) De acordo com um levantamento realizado pelo portal G1, 149.000 pessoas saíram às ruas no Brasil em 75 cidades. (El País 31/04/2016)
(41) Desgastado, el PT salió a la calle para sostener a Dilma y a Lula […]. (Clarín 18/03/2016)
(42) Uma fileira de homens fortes, carecas e de camisa social se formou em dois corredores opostos, com um espaço no centro que desembocava na porta do caminhão de som. Era o sinal de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegaria em breve à avenida Paulista, em São Paulo, para discursar, cumprindo a promessa, feita no início do mês, de que voltaria às ruas. (El País – 18/03/2016)
(43) Ha sido curioso observar como los dos [Alckmin y Aécio] llegan [a Avenida Paulista], cercados por escoltas, luciendo sonrisas victoriosas mientras se preparan para subir al palco y hablar a la multitud. (Página 12 - 13/03/2016)[16]
Além desses, representam o deslocamento de um sujeito até um lugar representado por uma expressão locativa os verbos comparecer em PB, acudir e concurrir em E:
(44) Segundo a organização, cerca de 100 mil pessoas compareceram ao evento. (O Estado de São Paulo - 01/05/2016)
(45) Lula fue todavía más incisivo al contemplar a gran parte de la clase media que ayer concurrió masivamente. (Clarín - 18/03/2016)
(46) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja presença havia sido anunciada pela organização, não compareceu por problemas de voz [...]. (O Estado de São Paulo - 01/05/2016)
(47) Hubo actos en unas 35 ciudades, pero el mayor de ellos, al que acudió el ex presidente, fue en San Pablo, donde, según los organizadores, hubo unas 250.000 personas y para la policía 80.000. (Clarín – 18/03/2016)
E aqui retomo um dos enunciados desencadeadores desta reflexão: o uso do verbo estar como verbo de movimento que, de acordo com a leitura que aqui proponho pode, em algumas sentenças, ser facilmente intercambiável pelo verbo ir:
(48a) O casal Andrea Cardoso Ribeiro, 44, advogada, e Mario Sérgio Ribeiro, 55, empresário, por exemplo, acredita que é preciso repensar o sistema político existente hoje. Eles estiveram na avenida Paulista para defender uma reforma política, que garantiria a existência de dois partidos. (El País - 15/03/2015)
(48b) O casal Andrea Cardoso Ribeiro, 44, advogada, e Mario Sérgio Ribeiro, 55, empresário, por exemplo, acredita que é preciso repensar o sistema político existente hoje. Eles foram à/para Avenida Paulista para defender uma reforma política, que garantiria a existência de dois partidos.
(49a) Lula no estuvo en la concentración brasiliense pero grabó un mensaje reiterando su rechazo al golpe institucional contra Dilma […]. (Página 12 – 01/04/2016)
(49b) Lula no fue a la concentración brasiliense pero grabó un mensaje reiterando su rechazo al golpe institucional contra Dilma […].
Embora o exemplo (48a) não seja a única ocorrência de estar em perfeito na amostra do PB, nos demais casos, o sujeito se diferencia pelo fato do sujeito não apresentar o traço [+ específico], o que aproximaria o predicado do sentido existencial, normalmente representado em PB pelos verbos ter e haver:
(50a) O pico de concentração de pessoas, segundo o Datafolha, se deu às 19h, quando 83 mil pessoas estiveram no local; 14 mil permaneceram do início ao fim. (Folha de São Paulo – 18/03/2016)
(50b) O pico de concentração de pessoas, segundo o Datafolha, se deu às 19h, quando tinham/havia 83 mil pessoas no local; 14 mil permaneceram do início ao fim.
Em função da combinação com outros elementos da sentença, em (50a) parece mais evidente a noção aspectual de permanência do sujeito, o que não favorece, embora não impossibilite totalmente, a substituição de estar pela forma ir, que focalizaria o evento pontual de chegada ao lugar de destino:
(50c) O pico de concentração de pessoas, segundo o Datafolha, se deu às 19h, quando 83 mil pessoas foram ao local; 14 mil permaneceram do início ao fim. (= chegaram ao local)
Vemos, assim, que, embora estar em pretérito perfeito seja compatível com ir em muitos contextos, sua substituição não é possível em todos os casos sem que o valor aspectual expressado seja alterado em função da combinação com outros elementos da sentença.
Também nos exemplos a seguir consideramos que estar em pretérito perfeito poderia ser intercambiável por ter e haver em imperfeito (51b e 52b):
(51a) Na época do ato das Diretas, realizado no Vale do Anhagabaú, foi divulgado que 1 milhão de participantes estiveram no evento. (Folha de São Paulo – 13/03/2016)
(51b) Na época do ato das Diretas, realizado no Vale do Anhagabaú, foi divulgado que tinha/havia 1 milhão de participantes no evento.
(52a) A Secretaria de Segurança de São Paulo estimou que 1,4 milhão de pessoas estiveram no ato. (Folha de São Paulo – 13/03/2016)
(52b) A Secretaria de Segurança de São Paulo estimou que tinha/havia 1,4 milhão de pessoas no ato.
Ao observar esses exemplos, é possível perceber que a diferenciação semântica entre as expressões construídas com estar, haver e ter pode chegar a ser bastante tênue. Ao contrário da ocorrência apresentada em (50a), considero que em (51a) e (52a) a alternância entre o verbo estar e a forma ir seja mais provável, implicando, no entanto, em alterações sintáticas (51c) e (52c):
(51c) Na época do ato das Diretas, realizado no Vale do Anhagabaú, foi divulgado que 1 milhão de participantes foram ao evento.
(52c) A Secretaria de Segurança de São Paulo estimou que 1,4 milhão de pessoas foram ao ato.
Também Mendikoetxea (1999, p. 1608) observa muitas semelhanças entre os verbos de existência e aparição e os verbos de movimento de direção inerente. Segundo a autora:
(…) aunque expresan nociones distintas, no están muy alejados semánticamente los predicados “aparecer en un sitio” y “llegar a un sitio”, por ejemplo. Sin embargo, ‘aparecer’ y ‘llegar’ se clasifican como pertenecientes a clases semánticas distintas. El primero simplemente conlleva aparecer en escena, mientras que el segundo denota el punto final de la dirección del movimiento y codifica como parte de su significado un cambio de lugar que afecta al sujeto del que se predica.
A meu ver, é possível estender essa comparação aos verbos estar com complemento locativo e ir: o primeiro focaliza o estado resultante da transição de um sujeito de um lugar a outro; e o segundo focaliza o movimento de transição. No entanto, ambos denotariam como parte de seu significado uma mudança de lugar que afeta o sujeito.
É necessário, no entanto, verificar por meio de testes aplicados a falantes de PB/LM e E/LM, assim como a falantes de PB/LE e E/LE, se a substituição pelo verbo ir nesses contextos mantém o valor expressado por estar. O objetivo é observar se as duas formas expressam a mesma noção, hipótese que sustento neste trabalho, ou se a escolha do falante pelo verbo estar quando combinado com complementos locativos mais abstratos como “no evento” e “no ato” denota um sentido específico como o de participação do sujeito, talvez não representado pela forma ir.
Embora minha intuição de falante nativa de PB não relacione fortemente esse sentido às ocorrências de estar na amostra, o sentido de participação no evento denotado pelo verbo é identificado por falantes nativos de E nesta ocorrência apresentada anteriormente e retomada aqui:
(53) [...] por su tradición en mover masas obreras [Paulo Pereira da Silva o Paulinho] estuvo en la organización más pesada y puso gran cantidad de vehículos con parlantes, desde donde se vociferaba: “Fuera Dilma” [...]. (Clarín – 15/03/2015)
(54) [...] devido a sua tradição em movimentar massas de operários, [...] participou da organização mais pesada e colocou grande quantidade de veículos com alto-falantes, de onde vociferava “Fora Dilma” [...].
Sendo assim, ao analisar os verbos usados para representar a participação dos brasileiros nas manifestações políticas recentes, foi possível observar, como era esperado, o maior uso do verbo de movimento ir para indicar o deslocamento dos indivíduos aos locais de manifestação nas reportagens dos jornais brasileiros. Também era esperada a relativa frequência de estar em pretérito perfeito devido ao fato de a análise ser feita utilizando uma amostra composta por textos escritos da esfera jornalística. Uma das hipóteses deste estudo, que precisa ser investigada com a análise de textos da modalidade oral informal, é que o uso de estar em perfeito tem se especializado na modalidade escrita ou em registros mais formais.
Embora as ocorrências com estar analisadas nas reportagens apresentem as mesmas características sintáticas, já que o verbo exerce função predicativa selecionando argumentos que indicam localização espacial (mais ou menos abstrata), foi possível observar uma certa polissemia do verbo estar com complemento locativo em ambas as línguas, dado que as várias noções envolvidas (localização, permanência, aparição, deslocamento) estão relacionadas entre si e os limites entre elas não são, como vimos em alguns exemplos, completamente nítidos (RIBEIRO, 2004).
O fato de que a substituição do verbo estar pela forma ir em pretérito perfeito funcione em apenas alguns dos casos em PB evidencia a necessidade de analisar não apenas as característica dos argumentos locativos selecionados pelo verbo, mas também os demais elementos predicadores presentes no enunciado.
A baixa frequência de estar em perfeito na amostra de reportagens do E não era esperada, tendo em vista que o verbo com sentido de “deslocamento” ou “aparição” parece ser produtivo na língua espanhola. Considero, no entanto, significativa a variedade de verbos usados nas reportagens dos jornais argentinos para representar a presença dos sujeitos nos protestos, ao passo que a forma ir só aparece em uma ocorrência, presente na reportagem produzida pela jornalista brasileiro Eric Nepomuceno.
Considerações finais
Tentamos, neste trabalho, apresentar os resultados de uma primeira aproximação entre os valores do verbo estar em PB e em E, mostrando semelhanças e assimetrias entre as duas línguas.
Ao analisar os verbos usados para representar a participação dos brasileiros nas manifestações políticas recentes foi possível observar, como era esperado, o maior uso do verbo de movimento ir para indicar o deslocamento dos indivíduos aos locais de manifestação nas reportagens dos jornais brasileiros. Também era esperada a relativa frequência de estar em pretérito perfeito devido ao fato da análise ser feita utilizando uma amostra composta por textos escritos da esfera jornalística. Nossa hipótese, que precisa ser investigada com a análise de textos da modalidade oral informal, é que o uso de estar em perfeito tem se especializado na modalidade escrita ou em registrou mais formais.
Embora as ocorrências com estar analisadas nas reportagens apresentem as mesmas características sintáticas, já que o verbo exerce a função de forma plena selecionando argumentos que indicam localização espacial (mais ou menos abstrata), foi possível observar uma certa polissemia do verbo estar em ambas as línguas, dado que as várias noções envolvidas (localização, permanência, aparição, deslocamento) estão relacionadas entre si e os limites entre elas não são, como vimos em alguns exemplos, completamente nítidos (RIBEIRO, 2004).
O fato de que a substituição do verbo estar pela forma ir em pretérito perfeito funcione em apenas alguns dos casos em PB evidencia a necessidade de analisar não apenas as característica dos argumentos locativos selecionados pelo verbo mas também os demais elementos predicadores presentes no enunciado.
A baixa frequência de estar em perfeito na amostra do E não era esperada, tendo em vista que o verbo com sentido de “deslocamento” ou “aparição” parece ser produtivo na língua espanhola. Consideramos, no entanto, significativa a variedade de verbos usados nas reportagens dos jornais argentinos para representar a presença dos sujeitos nos protestos, ao passo que a forma ir só aparece em uma ocorrência. Retomando a afirmação de Mendikoetxea (1999, p. 1608) de que os verbos de existência e aparição são muito similares aos verbos de movimento de direção inerente, acreditamos que a análise de outros tipos de textos possam ser um fator importante para uma melhor compreensão do uso dos verbos estar e ir também em espanhol.
Referências
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CASTILHO, A.T. Nova Gramática do Português Brasileiro, 1.ed. São Paulo: Contexto, 2014.
FANJUL, A. P. Posse, domínio, apresentação e existência. In: FANJUL, A. P. et al (Org.). Espanhol e Português Brasileiro: estudos comparados. São Paulo: Parábola, 2014.
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LEBORANS, M. J. F. La predicación: las oraciones copulativas. In: BOSQUE, I.; Demonte, V. Gramática descriptiva de la lengua española. v. 2. Madrid: Espasa Calpe, 1999, cap. 37, p. 2421-2423.
MENDIKOETXEA, A. Construcciones inacusativas y pasivas. In: BOSQUE, I. e DEMONTE, V. Gramática descriptiva de la lengua española. v. 2. Madrid: Espasa Calpe, 1999, cap. 25, p. 1575 – 1629.
MOÇO, T. V. ¿Entiendes o estás entendiendo? A distribuição complementar entre a perífrase estar + gerúndio/ estar + gerundio e o presente do indicativo em Português e Espanhol e seus efeitos na produção de estudantes de Espanhol como Língua Estrangeira no Brasil. 2006, USP, São Paulo: 2006
______. A perífrase [estar + gerúndio/estar + gerundio] em pretérito perfeito no português brasileiro e no espanhol. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: file:///C:/Users/Talita/Downloads/2011_TalitaVieiraMoco_VCorr.pdf. Acesso em: 04 ago. 2016.
RIBEIRO, R.M.P. A expansão de sentidos do ficar e os mecanismos responsáveis pela organização cognitiva de suas significações. Caderno Seminal Digital Ano 12, Rio de Janeiro, v. 1, n.2, p. 1-13, 2004.
[1] Corpus com 1 bilhão de palavras, desenvolvido pelo professor Mark Davies (Illinois State University). Disponível em: http://www.corpusdoportugues.org/x.asp.
[2] Corpus com 2 bilhões de palavras desenvolvido pelo professor Mark Davies (Illinois State University). Disponível em: http://www.corpusdelespanol.org/x.asp.
[3] Em espanhol também são possíveis com valor de contingência as perífrases “se está a punto de derrumbar” e “se está para derrumbar”.
[4] Enquanto algumas gramáticas entendem que essas combinações formam uma perífrase de estado ou de resultado, outras preferem classificar as formas em particípio como adjetivos que qualificam o sujeito de modo circunstancial (CARDOSO; BATTAGLIA, 2001, p. 179).
[5] Exemplo extraído de Castilho (2014).
[6] Exemplo extraído do filme O Filhote (2004) por Moço (2006).
[7] Exemplo extraído do jornal Folha de São Paulo por Moço (2011, p. 111).
[8] Como não foram encontradas ocorrências de estar associado ao advérbio bien na variedade argentina do Corpus del Español, extraímos este exemplo do jornal Clarín da cidade de Buenos Aires.
[9] Exemplo extraído de uma palestra com uma professora argentina em 05 de julho de 2016.
[10] Das quatro reportagens coletadas no jorna argentino Página 12, duas foram escritas pelo jornalista, escritor e tradutor brasileiro Eric Nepomuceno e duas foram escritas pelo correspondente argentino residente no Brasil Darío Pignotti. Embora Eric Nepomuceno seja um dos grandes tradutores do espanhol na atualidade e escreva para a imprensa de países hispânicos, será preciso observar se, em relação ao objeto deste estudo, sua produção apresenta alguma interferência do PB.
[11] Embora não tenham sido encontradas ocorrências em que se estabelece concordância entre o verbo e seu argumento único, Lastra e Martín Butragueño (2015) observam que é frequente em diversas variedades do espanhol a interpretação desse argumento como sujeito e não como objeto direto: […] según los organizadores, hubieron unas 250.000 personas y para la policía 80.000.
[12] Traduções minhas.
[13] Exemplo extraído de uma das reportagens de Eric Nepomuceno.
[14] Traduções minhas.
[15] Exemplo extraído de uma das reportagens de Eric Nepomuceno.
[16] Exemplo extraído de uma das reportagens de Eric Nepomuceno.
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