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Visita do autor Marcos Bagno: entre a reflexão e o desafio da língua

No presente texto a estudante Dámaris Castillo realiza uma resenha do encontro com o linguista Marcos Bagno, realizado na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires em outubro de 2019.

 

Visita do autor Marcos Bagno

Entre a reflexão e o desafio da língua

Por Castillo Dámaris

No passado 1° de outubro, o Departamento de Tradução da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires teve o agrado de receber ao famoso linguista e tradutor Marcos Bagno, que compartilhou seu pensamento e sua experiência tanto sobre as práticas educativas quanto o seu trabalho como tradutor.


Participaram do encontro autoridades da instituição, professores e alunos dos diferentes cursos superiores em língua portuguesa da CABA. Tratou-se de um bate papo desenvolvido no Salão Verde entre o autor e os presentes, o qual foi moderado pelo coordenador de Idioma Português da Carreira de Tradutor Público, Pablo Palacios, e pelos professores Julieta Galván e Martín de Brum.


É claro que não podiam deixar de estar presentes na mesa do debate temas referidos à gramática, ao preconceito linguístico ─ título de um dos seus livros mais controvertidos e que, apesar de ter mais de 20 anos, ainda continua vigente─ , aos desafios que os professores enfrentam dentro da sala de aula no ensino do português como língua estrangeira, as modificações do uso da língua com perspectiva de gênero, aos usos da tecnologia na tradução, etc.


Bagno frisou o valor que a variedade linguística do luso falante tem. Fez uma forte crítica, novamente, ao uso da gramática normativa e como isso chega a afetar o aprendizado do português, de maneira que afasta o falante da realidade local da língua no momento da emissão da mensagem. Afirmou que as sociedades mudam e que somos responsáveis por acompanhar por meio da língua essa mudança. Perguntou-se, então, por que é que a gramática fica imutável, de quem depende isso e quais são os verdadeiros motivos pelo qual esse fenômeno acontece.


A reflexão do autor foi, principalmente, que a língua é falada pelos homens e mulheres que conformam as sociedades do nosso mundo. Por tanto, a língua jamais poderia estar afastada de outros dois fatores que fazem parte do dia a dia desses homens e mulheres: a política e a economia. Estes fatores se encontram e decidem pela língua e seu uso, deixando pelo caminho aos “sem língua” fora do sistema linguístico, rejeitados e silenciados pela gramática normativa.


Por outro lado, o linguista perguntou-se quem são aqueles que tomam as decisões respeito à língua. Aproveitou o espaço para relembrar algumas anedotas e peculiaridades a respeito da Academia Brasileira de Letras e dos círculos, fechados, dos gramáticos.


Com relação ao uso da “linguagem inclusiva”, o escritor mostrou-se a favor dela e expôs sua opinião dizendo que é necessário a reflexão sobre o assunto no nível social e que, ademais, é um exemplo claro de como a linguística sofre mudanças com o passar do tempo, pois em definitiva ela depende das sociedades que a usam, e elas mudam também. Nessa mesma ordem de ideias, valorizou a inclusão já que ela introduz no discurso àqueles que ficavam fora por falta de poder político e económico: mulheres, homossexuais, etc.

Assinalou, por um lado, a importância da preparação e capacitação constante do professor no seu trabalho educativo, mas também destacou a influência que o mundo editorial tem nesse trabalho com seus livros didáticos, os quais, em sua maioria, estão “fora de moda”.


É o professor que fica horas na frente da sala, por isso mesmo, ele tem que pensar as novas maneiras de apresentar o português fazendo as reflexões sobre o poder que tem e como vai usar esse poder em relação às variantes linguísticas e a “democracia” da língua.


Finalmente, ratificou seu pensamento a respeito da importância do tradutor. O autor brasileiro nos leva, mais uma vez, a pensar sobre o papel principal do ser humano diante dos usos tecnológicos. Será possível um final apocalíptico para os tradutores? Eles acabarão desaparecendo e sendo deixados de lado pelo uso das novas tecnologias do Século XXI? Bagno negou rotundamente esse final. Conforme o autor, as tecnologias jamais poderão substituir a figura do homem, não poderão pensar e refletir como ele de jeito nenhum.


O encontro acabou com perguntas do público presente sobre cada um dos temas tratados na palestra e a Dra. Beatriz Rodríguez – Diretora da Carreira de Tradutor Público da faculdade- agradeceu a visita do escritor e deixou o convite para o próximo ano.

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