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Arte e Língua Portuguesa: duas disciplinas ligadas pela cultura

Mariana Cuello, estudante do curso superior de formação de professores da "ENS en Lenguas Vivas Sofia B. de Spangenberg", realiza neste artigo acadêmico uma análise pormenorizada sobre os benefícios de trabalhar com arte na aula de Português como Língua e Cultura Estrangeira. Exemplos e propostas de trabalho concretas, fundamentadas em diferentes teorias, completam este trabalho.

 

Arte e Língua Portuguesa: duas disciplinas ligadas pela cultura


Por Mariana Cuello

A educação é uma obra de arte.
Paulo Freire 1996


Quais são os benefícios de trabalhar com arte na aula de Português como Língua e Cultura Estrangeira? A arte e a língua formam parte central da cultura de um povo, então, será necessário ensiná-las separadamente? O trabalho interdisciplinar entre arte e língua pode ser muito positivo. Por um lado, ao trabalhar com obras de arte (sejam elas obras plásticas, música, teatro, cinema ou qualquer expressão artística) incrementa-se o engajamento do alunado. Diversos autores e autoras apontam a importância de incluir as artes em sala de aula devido a sua capacidade de incrementar o estímulo, dentre eles Da Costa (2013: 17) declara:

“A arte revela-se, desta forma, o instrumento mais eficaz de preparação e motivação, para uma educação posterior mais ligada ao lado cognitivo.

Também Sousa (2003: 30) indica que:

“O objetivo não são as artes, mas a Educação, considerando as artes como as metodologias mais eficazes para se conseguir realizar uma educação integral a todos os níveis: afetivo, cognitivo, social e motor. Podendo-se considerar o único modelo até hoje existente que aponta como seu primeiro objetivo a educação afetivo-emocional”.

Vemos assim que através da arte é possível propiciar um ensino-aprendizagem integral que seja capaz de abranger todos os aspectos do ser humano, alcançando a totalidade do ser.


No mesmo sentido, há estudos dentro do campo da neurociência que demonstram esse vínculo entre arte e motivação. Neste sentido, Navarro (2018: 44), na Revista Ibero-americana de Educação “Neurodidática na sala de aula: transformando a educação”, explica que para despertar a motivação devem-se atender às emoções do alunado e deve-se desenvolver a sua criatividade. Justamente, é na Educação Artística que se desenvolvem aspectos emocionais e afetivos dos sujeitos e se fomenta a criatividade, conforme “Resolución CFE Nº 111/10 Modalidad educación artística” do Ministerio de Educación de la Nación - Argentina (2011: 19)


Por outro lado, através da arte se tem acesso a experiências diferentes que com a linguagem, tal como explica Duarte (1998: 103) “através da arte somos levados a conhecer nossas experiências vividas, que escapam à linearidade da linguagem”. Assim, ao trabalhar em conjunto arte e língua portuguesa pode se criar uma ponte entre emoções e sua expressão através do discurso.


O trabalho interdisciplinar em sala de aula ainda dá conta de um ensino- aprendizagem integrador, no qual os conteúdos se relacionam e os conhecimentos são construídos coletivamente e estão ligados, em lugar de ser apresentados de forma fragmentada. Este tipo de construção de conhecimentos acompanha as formas de aprender e ensinar do mundo globalizado.


É importante salientar que incorporar a arte na sala de aula supõe o desenvolvimento de práticas subjetivas que requerem interpretação, que exigem e convidam o alunado a expressar suas emoções, suas opiniões. Estas ações, na escola, fortalecem o desenvolvimento do olhar crítico e a valorização da diversidade de experiências em sala de aula, ao tempo em que se trabalha na língua alvo. Isso é essencial para a efetivação de uma educação libertadora que concebe o alunado como sujeitos ativos


Ainda, como é indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte da Secretaria de Educação Fundamental do Brasil (1998: 19):

“As oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior.”

O objetivo deste artigo é pesquisar e divulgar os diferentes benefícios que traz o trabalho interdisciplinar entre arte e PLCE, exemplificar com diferentes atividades e sequências didáticas, pôr em diálogo diferentes teorias e apresentar a experiência de docentes e estudantes. A finalidade do trabalho é demonstrar a importância de incluir artes na aula de PLCE por meio da difusão da bibliografia pertinente.


Existem inúmeras investigações sobre a interdisciplinaridade, ela é um paradigma superador da fragmentação. O trabalho em parcerias nas escolas é muito valorizado já que aporta novos olhares e possibilita novas experiências que não poderiam acontecer através do ensino-aprendizagem fragmentado.


A metodologia interdisciplinar é a ligação entre duas áreas de conhecimento para entrelaçar conteúdos trabalhados na escola gerando a criação de um conhecimento ampliado, essa integração deve ser harmoniosa e exige aprofundamento de cada disciplina.


A epistemologia positivista foi significativa na divisão dos currículos em disciplinas segmentadas. Contudo, a fragmentação dos conhecimentos na escola poderia prejudicar o processo de aprendizagem, como expressam Gerhard e Rocha Filho (2012):

“A fragmentação do conhecimento científico a ser ensinado manifesta-se na separação das disciplinas na escola, e tem sido danosa para a educação. Até mesmo no contexto de uma dada disciplina o conhecimento é separado em diversos conteúdos relativamente estanques, que são apresentados de maneira desvinculada e desconexa. O resultado da fragmentação do conhecimento a ser ensinado é a perda de sentido, que se manifesta nos alunos como repúdio a determinadas disciplinas, demonstrando que eles não conseguem perceber as semelhanças e relações entre as diferentes áreas do conhecimento.”

Desta forma, entendemos que se os conteúdos são apresentados de forma fragmentada provoca-se a perda do seu sentido, ao interligar os saberes se produz uma aprendizagem significativa, dotada de sentido.


Em relação à interdisciplinaridade, Jean Piaget (1972 apud POMBO, 1994) já advertia sobre a importância do intercâmbio mútuo e a integração entre várias ciências e o enriquecimento recíproco como resultado desta cooperação. Essa integração não é um acúmulo de conteúdos desconexos, senão que devem apresentar uma ligação entre si. Olga Pombo (1994: 2) reproduz as palavras de Gusdorf (1990): “O prefixo "inter" não indica apenas uma pluralidade, uma justaposição; evoca também um espaço comum, um factor de coesão entre saberes diferentes”. No seu artigo “Contribuição para um vocabulário sobre interdisciplinaridade”, ela oferece uma seleção de termos e significados sobre o assunto junto com as contribuições de vários autores e autoras na área, como: “Disciplina”, “Disciplinaridade”, “Interdisciplinaridade” e diversas variedades desta última.


Será analisada no presente trabalho a experiência Reflexões de educadora: O encontro da arte com a língua portuguesa” de Adriane de Moura Cony (s.d.). No artigo, a autora reflete sobre sua prática pedagógica na qual o ensino-aprendizagem da língua portuguesa é articulado com a arte em uma metodologia interdisciplinar. Na sua experiência, ela relaciona o ensino de PLCE com as diversas modalidades de arte como; música, teatro, poesia, literatura e modalidades visuais. Seu foco está no acesso multidisciplinar de conhecimentos.


Também existem projetos interdisciplinares entre arte e PLCE com propostas e sequências didáticas que ilustram como integrar o ensino destas duas áreas (alguns deles se especializam em um tipo de arte específica, outros são mais gerais) em situações reais de ensino-aprendizagem.


Graziela Naclério Forte, professora e pesquisadora, descreve uma experiência interdisciplinar no seu artigo “Artes Plásticas, o Ensino da Cultura e o PLE: uma Perspectiva Interdisciplinar", como indica o título, ela foca a experiência nas artes plásticas, mais especificamente, nas Artes Plásticas Nacionais (Artes Plásticas do Brasil). Os objetivos da proposta eram o ensino da língua e a apresentação de conceitos relativos à arte e à cultura brasileira. Além disso, apontava para provocar conversações contextualizadas. A interdisciplinaridade foi o método para desenvolver o projeto da experiência escolar. No artigo, além da fundamentação, são apresentadas exemplificações de vinculações possíveis entre obras de arte e temáticas de debate sobre a cultura e a sociedade brasileiras.


Anderson Marcos da Silva, Mariana Quirino Fechine (graduando e graduanda em Arte e Mídia) e Karine Viana Amorim (professora orientadora) da Universidade Federal de Campina Grande desenvolveram o projeto "Mídias na sala de aula: articulação entre graduandos de Letras e professores de língua portuguesadescrito no artigo: “Direção de arte na aula de língua portuguesa: O que fazer? Como fazer?”. O projeto que levaram em frente envolve o ensino da língua portuguesa articulado com o cinema como arte visual. Destacam a "artemídia" e o ciberespaço. A metodologia adotada no projeto também é a interdisciplinaridade, no caso, entre graduandos da carreira de Arte e Mídia e professores de Língua Portuguesa.


Finalmente, alguns documentos curriculares como os Parâmetros Curriculares Nacionais de arte (1998) da Secretaria de Educação Fundamental do Brasil, a Base Nacional Comum Curricular Educação é a base (2017) do Ministério da Educação do Brasil Diseño Curricular para la Escuela Primaria (2004) e o Diseño Curricular de Lenguas Extranjeras (2001) da Secretaria de Educação do Governo da Cidade de Buenos Aires serão citados como fundamentações das propostas trabalhadas.


A experiência e sequência didática planejada foi realizada no 6to ano do ensino fundamental numa escola pública do bairro de Palermo, CABA, Argentina. A escola é especializada em línguas, sendo a língua portuguesa um dos idiomas do currículo. Algumas turmas têm português como primeira língua e outras como segunda, e a carga horária varía sendo 1 hora cátedra (40 minutos) por dia os 5 dias da semana no caso de Português como primeira língua e 2 horas cátedra por semana no caso de Português como segunda língua. É importante esclarecer que, no caso dos grupos que têm português como primeira língua, estudam essa disciplina do primeiro ao último ano do ensino fundamental, já no caso dos grupos que têm português como segunda língua, têm de 4to a 7mo ano.


A turma com a qual se desenvolveu o projeto tem português como segunda língua, por isso, tem aulas de português durante 80 minutos uma vez por semana. O projeto foi levado em frente por uma docente-estagiária, dessa forma, o tempo foi limitado (6 horas cátedra no total).


O objetivo da sequência didática foi trabalhar com artes na aula de PLCE propiciando um espaço para a sensibilização sobre as características das artes plásticas ao mesmo tempo em que se focava em fortalecer a língua alvo. Também, se objetivava aprofundar os conhecimentos sobre a cultura brasileira por se tratar de um dos países lusófonos.


Para tal projeto foram trabalhadas as obras plásticas dos artistas: Cândido Portinari e Tarsila do Amaral. O primeiro encontro com o material foi através da página web de Cândido Portinari, devido a que as aulas foram presenciais, utilizou-se um projetor na sala de aula o qual estava conectado a um computador do qual as alunas e os alunos tinham o controle. O propósito era que o alunado pudesse investigar e descobrir o artista e suas obras, deparando-se com eles. É muito importante que, ao trabalhar com obras artísticas em sala de aula, as e os alunos tenham a liberdade de explorar e conhecer por seus próprios meios, já que isso confere autonomia ao processo de aprendizagem ao tempo que é uma forma de democratizar a cultura. Caso contrário, a professora ou professor a cargo leva as obras que considera adequadas ou as mais “conhecidas/valorizadas” e impossibilita o alunado de conhecer a totalidade de obras.


Assim, o alunado teve seu primeiro contato com as obras de Portinari através da investigação do seu website(1). Depois de um tempo de observação e sensibilização, de compartilhar opiniões e comparar as características das obras como cores, formas, temas, etc. foi realizada a atividade de narração através de uma obra de arte. Para isso, a turma dividiu-se em dois grupos, cada um deles escolheu uma obra e fez uma narração sobre o que observava. Foram necessários longos debates em relação à interpretação da obra escolhida e surgiu o questionamento sobre a “verdade” do que observavam. Nesse ponto foi bom lembrar que observar arte trata-se de experiências subjetivas e, neste sentido, não existe uma única interpretação unívoca, senão que cada obra está aberta a infinitas interpretações e cada uma delas é válida. Assim, depois de acordarem em grupo sobre a interpretação que seria escolhida, escreveram os relatos.


No projeto de Da Silva, Fechine e Amorim (2010) também são desenvolvidas atividades de retextualização. As propostas dos exercícios consistem em recriar narrativas a partir de vídeos ficcionais, passar de contos para roteiros (visando explorar os intergêneros) já que esse formato é usado em cenas cinematográficas. Poderiam se realizar muitas atividades com este objetivo, misturando diversas formas de arte e variados gêneros textuais: música-conto; poema-imagem; dramatização-lenda; etc. O objetivo desses exercícios é explorar a relação entre palavra-imagem.


A continuação, na sequência didática, na mesma abordagem de trabalho, o alunado investigou sobre a biografia do artista e fez uma exposição em sala de aula com cartazes e imagens.


Posteriormente, foi introduzida a artista, Tarsila do Amaral. Da mesma forma, alunas e alunos percorreram o website(2), observaram as obras e compartilharam suas opiniões. Dessa vez, tinham um ponto de comparação e expressaram suas percepções sobre as semelhanças e diferenças com as obras do artista anteriormente analisado, Cândido Portinari.


Esta instância poderia ser considerada uma atividade de “pré-leitura” na qual o alunado se sensibiliza em relação às obras e desenvolve um olhar artístico crítico. Busca-se que se conectem com as emoções geradas a partir da experiência e que encontrem palavras para expressá-las. Naclério Forte (s.d.), no seu artigo “Artes Plásticas, o Ensino da Cultura e o PLE: uma Perspectiva Interdisciplinar”, no qual compartilha a experiência de um projeto interdisciplinar também propõe uma instância desse tipo, porém, no caso do seu projeto, os produtos artísticos são previamente selecionadas pelos professores. Dessa forma, a atividade, além dos objetivos mencionados acima, visa a que o aluno identifique o tema que será tratado na aula (o qual foi anteriormente decidido).


Para trabalhar com as obras de Tarsila do Amaral, foram distribuídas algumas frases sobre a vida dela, as alunas e alunos, em grupos, deviam colocar num cartaz uma das frases e escolher uma das obras que representasse esse fato.


As atividades foram propostas para serem feitas em equipe porque isso contribui na construção do conhecimento coletivo. Os debates entre pares, inevitáveis e necessários ao desenvolver atividades grupais, permitem que as/os estudantes expressem suas ideias e facilitam a produção de saberes autênticos.


Como expressa Tordino Brandão (2009: 5):

“Mesmo vivendo num tempo e cultura específicos, e sendo fios da mesma trama, metaforicamente falando, somos cores diferentes que se entrelaçam formando um tecido – um ― saber – simultaneamente, individual e coletivo. Diálogo – criação coletiva – interação entre eus e outros. Com as identidades construídas e expressas nos diálogos, por meio de leituras objetivas e subjetivas das realidades, nos apresentamos e nos (re)conhecemos como membros de uma comunidade lingüística, tecendo uma rede de conversações e de (re)significados – palavras sobre palavras.”

Assim, vemos como dentro de uma mesma cultura as alunas e alunos podem reconhecer suas diferenças ao mesmo tempo que conseguem definir pontos de encontro e trabalhar em equipe. Em simultâneo, refletem sobre uma cultura alheia, diferente da própria, que, ao mesmo tempo, oferece pontos em comum. Conhecer uma cultura alheia contribui para reconhecer a própria, e, por sua vez, colabora na constituição da identidade de cada pessoa. É no intercâmbio de ideias que se constrói um saber comum sem perda da individualidade de cada sujeito.


Tordino Brandão (2009: 5) acrescenta:

“O encontro e diálogo que buscamos entre as disciplinas – seres e saberes – pressupõe esta inscrição na constituição da nossa humanidade e, nela nossas identidades culturais – pessoais e coletivas, únicas e múltiplas – expressas nas palavras faladas e escritas, nos olhares, gestos, silêncios.”

Dessa forma, dá-se uma harmonia e coerência no trabalho coletivo e interdisciplinar, onde tudo conflui: as pessoas, as disciplinas, os saberes e as áreas de conhecimento, gerando uma unidade que valoriza cada elemento que a conforma.


Como encerramento da sequência didática estava prevista uma atividade para analisar a obra “A Negra” de Tarsila do Amaral de uma perspectiva feminista antiracista junto com a leitura de uma entrevista à artista (do ano 1972) na qual fala sobre a criação dessa obra. Infelizmente, essa atividade não pôde ser levada em frente porque o tempo do estágio acabou. Trabalhar obras de arte por meio de análises críticas, como o olhar feminista e antirracista, tem o propósito de promover a Educação Sexual Integral, como indica a Ley 26.150 (2006). Com efeito, observar e entender a sociedade através desse olhar contribui na construção de uma sociedade mais justa em termos de igualdade de gêneros.


Ao finalizar o período do estágio foi feita uma enquete na qual as e os estudantes expressaram suas opiniões a respeito da sua experiência ao longo dessas aulas. Também foi entrevistado o professor de português da turma.


Na enquete, as duas primeiras questões eram: A aula de português foi mais divertida ao trabalhar com artee “Aprendi sobre cultura brasileira” tendo como possibilidades de respostas: “concordo totalmente” “Concordo” “Neutro” “Não concordo” “Discordo totalmente”. O objetivo das perguntas era indagar sobre as percepções do grupo a respeito da experiência de trabalhar com arte na aula de PLCE e também saber se essa experiência tinha provocado a construção de um novo conhecimento (em relação à cultura brasileira). Nos gráficos feitos com base nas respostas das perguntas 1 e 2 (figuras 1 e 2), podemos observar que a grande maioria indicou que concorda totalmente ou que concorda, uma pequena porção respondeu “Neutro” e ninguém discordou com essas afirmações.


Figura 1:

Figura 2:


Desta forma, podem-se verificar indícios de que incluir a arte no ensino de PLCE faria com que a aula fosse mais divertida. Isso provocaria nas e nos estudantes mais interesse, mais engajamento o que, por sua vez, colaboraria no processo de aprendizagem.


De Moura Cony (s.d.) no seu trabalho de reflexão sobre a prática pedagógica, também coloca a questão da alegria como um pilar importante nos processos educativos. Em primeiro lugar, ela expressa que as aulas de português podem-se tornar chatas e monótonas, carentes de alegria quando forem focadas em estruturas gramaticais, aquisição de vocabulário através da memória de forma repetitiva ou produção de sons carentes e sentidos. Assim, diante da falta de entusiasmo e interesse, o alunado não tem motivação e a “aprendizagem” acaba por ser reduzida a repetições e decodificações. Desta forma, não há uma construção do aprendizado. Pelo contrário, ao trabalhar com arte em sala de aula

“Estas vivências fazem o aluno descobrir a alegria do saber, a autonomia, a crítica e a sensibilidade. Com a arte articulada à língua portuguesa, os alunos constatam que a sala de aula pode não ser monótona; que o conhecimento não é estagnado, mas reconstruído; que aprender pode estar ligado ao prazer de descobrir e descobrir-se.”

O ambiente gerado em sala de aula ao trabalhar com arte é propício para que as alunas e alunos desenvolvam suas habilidades linguísticas. Em primeiro lugar, existe um incentivo para falar na língua-alvo, isto é, expressar suas opiniões e sentimentos em relação a obra, assim, o uso da língua é contextualizado. Desta forma, é possível que as e os estudantes se sintam mais à vontade para falar.


A terceira questão da enquete foi “Senti-me à vontade para falar em português” (figura 3), 46,7% do alunado concordou, 53,3% colocou “Neutro” e ninguém discordou. é claro que são muitos os fatores que afetam na vontade de falar numa língua alvo e de participar ativamente em uma aula, porém, vemos que quase 50% sentiu-se confortável e ninguém sentiu rejeição de participar ao trabalhar esses temas. Além disto, um/a estudante colocou: “Aprendi muito mais português e me senti confortável na aula.” no comentário livre da enquete, expressando, desta forma, que se sentiu à vontade ao tempo que aprendeu (e é consciente disso).


Figura 3:

Por outro lado, a questão número 7 da enquete era um comentário livre no qual uma/o aluna/o colocou que a experiência foi muito divertida e outra/o estudante expressou: “Desde que começamos a trabalhar com obras de arte acho que é mais difícil mas me divirto mais.”.


Outro comentário foi: “Desde que trabalhamos com pinturas foi mais difícil, mas me diverti.” e outro “Foi divertido mas eu acho que não vou lembrar isso por muito tempo, não sei quando vou usá-lo.”. Evidentemente, a diversão foi um aspecto muito presente nas percepções das alunas e alunos em relação a essa sequência de aulas, no entanto, encontramos a questão da dificuldade bastante presente também. Pode existir o preconceito de pensar que uma atividade lúdica, divertida, conectada com as emoções e o lado criativo pode ser fácil demais ou muito simples. Porém, vemos que apresenta dificuldades para o alunado. Isto pode ter a ver com a pouca conexão com as nossas emoções e sentimentos que nos oferece o sistema (educativo e social em geral) e por isso as dificuldades que aparecem quando pedimos a uma aluna/o que expresse sua opinião e interpretações sem ter que procurar uma resposta certa, senão, “simplesmente” sua experiência subjetiva. Como expressa Paulo Freire (1987) no seu livro “Pedagogia do Oprimido”, e em diversas obras, a educação bancária, em concordância com o sistema capitalista, não permite ao alunado expressar o que está no seu interior, senão que, muito pelo contrário, busca que repitam o que o/a professor/a fala sem refletir criticamente.


Voltando à questão do engajamento por parte das alunas e alunos, foi feita uma pergunta a esse respeito ao professor da turma que conhece bem essas alunas e alunos e seu nível de participação nas aulas em geral. A pergunta foi: “Percebeu que os/as alunos/as estavam mais descontraídos?” E ele respondeu: “Sim. deu-se um clima de interessantes expectativas no espaço da sala de aula com a turma de Sexto. Pois a projeção (ou melhor, o percurso dirigido pelos e pelas estudantes) através das obras de arte de Portinari e Tarsila do Amaral implicou numa experiência singular que, da minha perspectiva, acabou por relacionar os diversos órgãos e sentidos.”


Ao trabalhar com obras de arte, de qualquer tipo, é muito relevante conhecer e investigar a vida e obra das autoras/autores. Seja música, cinema, obras de teatro, poesia, obras plásticas ou qualquer tipo de expressão artística. O alunado, para poder conectar e interpretar essa obra de arte em profundidade deve conhecer sua criadora/criador. De fato, não só precisam conhecer a/o artista, mas também o contexto de criação dessa obra. Data, lugar, momento sócio-histórico das suas criações. Toda informação que estiver disponível irá contribuir de alguma maneira na interpretação da obra na sua totalidade. Por outro lado, seria muito proveitoso que as alunas e alunos pudessem comparar o contexto de produção da obra de arte com o contexto próprio: Que diferenças e que semelhanças encontram? Muda o significado dessa obra de arte nos diversos contextos? Ao trabalhar com obras de arte de outra nação, ou seja, a brasileira, existem muitos pontos de comparação entre as culturas. Poderia ser uma boa ideia, ao mesmo tempo, trabalhar com obras de arte nacionais e trazer alguns paralelismos entre as obras, as/os artistas e os contextos de produção e apreciação dessas obras.


Vários documentos curriculares sobre arte salientam a importância de incluir a biografia da/o artista e o estudo do seu contexto sócio-histórico-cultural ao estudar artes. Encontramos, nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte da Secretaria de Educação Fundamental do Brasil (1998: 34) o seguinte: “A cultura e a personalidade do artista fazem parte da obra. Van Gogh disse: “Quero pintar em verde e vermelho as paixões humanas”. A cultura e a personalidade do artista podem ser apreciadas na obra, pois configuram o próprio conteúdo da obra de arte: (...) A obra que provoca impacto no apreciador faz ressoar, dentro dele, o movimento que propicia novas combinações significativas entre as suas imagens internas em contato com as imagens da obra de arte. Nos dois casos, tanto no artista como no apreciador, a obra de arte favorece o conhecimento de si e do mundo, por intermédio de uma síntese criadora.”


Também, na Base Nacional Comum Curricular Educação é a base do Ministério da Educação do Brasil nas habilidades a desenvolver na área da arte (2017: 209) encontramos que se define “Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.” valorizando assim a apreciação de obras de arte de diversos artistas e provenientes de diversos contextos de produção.


Nesse sentido, foi perguntado às alunas e aos alunos sobre sua percepção na experiência de trabalhar com arte e conhecer a biografia dos artistas e como isso influiu na sua interpretação das obras. Podemos observar que 66,7% concordou com a afirmação “Foi bom conhecer a biografia dos/as artistas para poder interpretar suas obras” enquanto 33,3% ficou neutro (figura 4).


Figura 4:

Na enquete, as alunas e alunos também foram indagados a respeito da sua experiência de compartilhar opiniões com suas/seus colegas ao observar obras de arte. Em relação a essa pergunta, vemos que há menos consenso. Enquanto 53,3% concorda que escutar as interpretações das/dos colegas enriqueceu as formas de observar as obras de arte, 40% ficou neutro e 6,7% não concordou (figura 5). Poderíamos supor que isso também pode dever-se a outros fatores como, por exemplo, o fato de que não foram propiciadas situações de conversas fluidas sobre as obras de arte. Já que, como foi explicitado antes, a experiência foi desenvolvida em um estágio de tempo reduzido, não foi possível articular uma roda de debate que teria sido muito proveitosa em uma atividade como a descrita.


Figura 5:



Na enquete, 80% do alunado expressou que era pouco comum trabalhar com obras de arte nas aulas (figura 6). Por isso, é muito importante incluir obras de arte nas disciplinas curriculares. Por todos os benefícios que já foram expostos, e além do mais, sempre implicam uma novidade, visto que não é muito comum, nas escolas, trabalhar com arte fora da disciplina específica de arte.


Figura 6:

Por outro lado, incluir artes nas diversas disciplinas amplia as experiências culturais das alunas e dos alunos. Neste sentido, um/a aluno/a colocou “As obras de arte brasileiras enriqueceram minha cultura” no comentário livre da enquete. Também perguntamos ao professor da turma (quem tinha definido o tema a ser trabalhado durante o estágio) sobre a razão pela qual escolheu incorporar artes na aula de português e sobre os benefícios dessa escolha, ele respondeu: “Em primeiro lugar —e isto do ponto de vista formal— porque ela se prevê em nosso currículo escolar (por exemplo, nele se destaca a "profusão de experiências culturais", entre outras coisas, só por citar aqui o plano nacional dos currículos), procurando transcender, como se sabe, qualquer cristalização reducionista do ensino do PLCE na escola primária. Isso quer dizer que, como a cada ano letivo, o nosso planejamento (e, é claro, o de tantas outras professoras também) abriga o componente da arte enquanto conteúdo primordial; primordial no sentido de abrir de vez as portas às relações entre as nossas culturas próximas, mas ao mesmo tempo entre as nossas culturas se desdobrando em concretas e singularidades manifestações. Em segundo lugar, porque por meio das instâncias ocupadas através do "contato" com a arte durante a escolarização do PLCE se torna para @s alun@s, com frequência, uma experiência verdadeiramente muito mais cativante; enfim, uma experiência tendente a potencializar projetos interdisciplinares no seio da escola—o que não é pouca coisa num mundo que está sendo cada vez mais individual. Ou seja, teríamos pela frente um convite à riqueza da pluralidade.”


Como bem indica o professor, múltiplos documentos curriculares preveem a inclusão de experiências culturais no âmbito escolar. Podemos destacar as seguintes indicações: o “Diseño Curricular para la Escuela Primaria” (2004) expressa que em todas as áreas o alunado deve participar de experiências culturais amplas que lhes permitam se conhecer a si mesmos, aos outros e ao mundo, assim como ter uma relação receptiva e produtiva com a cultura e construir sentidos. E em relação a experiências artístico-culturais, o “Diseño Curricular de Lenguas Extranjeras” (2001) inclui dentro dos conhecimentos e experiências a área “O mundo da imaginação e da criatividade” e dentro dela menciona a literatura, a música, as artes plásticas, o cinema e outras expressões artísticas.


Por outro lado, Federico Polastri, o professor consultado, recupera a questão do interesse que geram as experiências de arte no ensino de PLCE e como cativam as/os estudantes aumentando o engajamento delas e deles nas aulas. A importância desse assunto já foi assinalada anteriormente e gostaríamos de salientar os benefícios que produz esse interesse no processo de aprendizagem da língua portuguesa.


Como indica De Moura Cony (s.d.):

“A música, o teatro, a poesia, a literatura e as modalidades visuais fazem o aluno redescobrir e reconstruir a língua [portuguesa] e, através desta reconstrução, desenvolver suas habilidades e competências linguísticas.”

Também foram as/os estudantes que reconheceram esse avanço no desenvolvimento das habilidades linguísticas, um/a dos/as estudantes, por exemplo, expressou no comentário livre da enquete: “Gostei de trabalhar com arte porque nos ajuda a aprender a descrever melhor em português.”


Nesse sentido, revela-se muito proveitoso para o desenvolvimento das competências linguísticas, ligar obras de arte a trabalhos de redação. Perguntamos ao professor sobre sua valoração a respeito de trabalhar a escrita a partir de obras de arte e sua resposta foi a seguinte: “Da nossa perspectiva, essa foi outra construção favorável verificada na associação inteligente entre a esfera das artes plásticas e ação narrativa escrita. Neste sentido, tal como conversado com a docente-estagiária durante o período de estágio realizado, nós constatamos que obras que até então talvez não tivessem conexão evidente, por meio da ação narrativa escrita e espontânea liderada pela turma, poderiam encontrá-la. Quando a turma exposta a uma experiência desse teor, exposta a esse entrecruzamento genial entre as distintas artes, o resultado pode ser, como de fato ocorreu, um feixe de narrações inventadas, reinventadas, quem sabe talvez se para nós adult@s junto com noss@s alun@s continuar repensando a configuração do nosso mundo.”


Como indicou o docente na aula de português deu-se uma conexão entre as narrativas dos grupos que estavam baseadas em diferentes obras de arte, gerando, de alguma forma, um só relato, e, ao mesmo tempo, fazendo dessas duas pinturas uma só obra de arte. A ligação deu-se espontaneamente, gerando novos sentidos. Podemos ver como a integração funciona em diversos níveis e aspectos e gera um ambiente de aprendizagem integrado e abrangente: a ligação de diferentes disciplinas, de artes, de culturas que resulta num processo de ensino-aprendizagem harmonioso e coerente o qual, por sua vez, provoca grande desenvolvimento e avanços significativos no percurso acadêmico do alunado.


À luz desta pesquisa e da análise dos vínculos estabelecidos entre a arte e o ensino de PLCE podemos concluir que uma experiência com estas características oferece variados benefícios.


Evidentemente, o trabalho interdisciplinar oferece uma experiência de ensino-aprendizagem de integração dos conteúdos evitando a fragmentação. Esta metodologia produz harmonia e coerência na experiência. Por sua vez, é uma abordagem consequente com o contexto atual de globalização que implica uma lógica de saberes e seres conectados. Essa lógica supõe práticas de construção coletiva do conhecimento nas quais as/os estudantes são sujeitos ativos, desta forma, práticas interdisciplinares como as descritas possuem muita importância. Valorizam-se propostas didáticas que convidem o alunado a investigar e descobrir o mundo que os rodeia (e por consequência os outros e a si mesmos) dado que estas ações contribuem com o desenvolvimento da sua autonomia.


A alegria revela-se como um fator muito importante em sala de aula, e neste sentido, foi demonstrado que a incorporação das artes em aulas de PLCE poderia aumentar a motivação e o engajamento por parte das alunas e dos alunos, o que, por sua vez, contribui no ensino-aprendizagem da língua portuguesa e no desenvolvimento das competências linguísticas. Por outro lado, não podemos ignorar a grande relevância que tem o contato com as expressões de uma cultura alheia e as experiências positivas que oferece esse encontro: de conhecimento (da nova cultura) e de reconhecimento (da própria). Como vimos ao longo da pesquisa, diversos documentos curriculares apontam a importância de ampliar o horizonte artístico-cultural e os benefícios que isso traz na vida das alunas e dos alunos na perspectiva de uma educação emancipadora. Também, múltiplas pesquisas e projetos, alguns explorados neste artigo, salientam essa questão. Ao trabalhar com arte não podemos deixar por fora suas e seus criadores: as/os artistas e seus contextos, já que sao indissolúveis da obra.


A arte nos faz sentir e expressar emoções e opiniões, é positivo vivenciar isso na escola e assim transformar a sala de aula em um lugar mais humano e receptivo.



(1) http://www.portinari.org.br/

(2) https://tarsiladoamaral.com.br/



Bibliografia


- DA COSTA M. F, F. (2013) As Artes Visuais como fator de motivação e autonomia. Universidade Católica Portuguesa

- DA SILVA, A., QUIRINO FECHINE, M. & AMORIM, K. (2010). Direção de arte na aula de língua portuguesa: O que fazer? Como fazer? Universidade Federal de Pernambuco.

- DE MOURA CONY, A. (s.d). Reflexões de educadora: O encontro da arte com a língua portuguesa. Grupo de Pesquisa CNPq Teia da Vida. Edição N° 07.

- DUARTE JR., J. F. (1998). Fundamentos estéticos da educação. 2. ed. Campinas: Papirus.

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